segunda-feira, 15 de março de 2010

De promessa em promessa, Anápolis perde espaço

Publicado na edição de 28/02/2010 do jornal Diário da Manhã

Em 1970, portanto há quarenta anos, Henrique Santillo, como prefeito de Anápolis, teve a competência de perceber que a área rural, nas duas margens da estrada ligando a cidade a Leopoldo Bulhões, trecho compreendido entre o antigo Aprendizado Agrícola Sócrates Diniz e a estrada de ferro, deveria ser considerada de utilidade pública, pelo município de Anápolis, para a instalação de um futuro distrito industrial.

Isso aconteceu num momento em que o forte da economia anapolina era o comércio atacadista de cereais. Como o governo federal não havia entrado ainda na comercialização de produtos agrícolas, a praça de Anápolis era a mais importante do Centro-Oeste. Praticamente toda safra de arroz, milho e feijão de Goiás e do Maranhão era negociada no município. Cerealistas de São Paulo, Rio e Minas Gerais faziam suas compras dos produtos, se abastecendo em Anápolis.

O prefeito Raul Balduíno, nos anos de 1968/69, realizou nas dependências do Parque Agropecuário, as duas primeiras feiras da indústria anapolina. Pequenas porque diminuto era o parque industrial do município.

Ao assumir a prefeitura, substituindo Raul Balduíno, o prefeito Henrique Santillo não só continuou realizando anualmente a Faiana como procurou forma concreta de transformar Anápolis em grande polo industrial. Para tanto precisava definir o local para a instalação de indústrias. Definiu que seria onde hoje está o Daia.

Leonino Caiado, no governo, desapropriou a área, criou a Lei 7.700 de incentivo fiscal e viu a indústria de azulejos Cecrisa se tornar a primeira indústria do futuro distrito industrial. Irapuan Costa Júnior, com decisivo apoio do general Ernesto Geisel, presidente da República, construiu toda infraestrutura do Distrito Agroindustrial de Anápolis - Daia, um dos mais bem estruturados no gênero, em todo Brasil. Iris Rezende Machado consolidou o Daia com a Lei Fomentar. Dezenas de indústrias se instalaram ali, graças aos incentivos concedidos pelo governo estadual. Henrique Santillo construiu a segunda linha de transmissão de energia elétrica impedindo que apagões que eram constantes, continuassem prejudicando os empresários. Maguito Vilela e nosso trabalho na prefeitura de Anápolis possibilitaram a criação, em Anápolis, do Porto Seco, com aquisição do patrimônio que pertencia à Rede Ferroviária Federal, para a instalação do porto. Marconi Perillo adquiriu mais uma área de terra para ampliação do Daia e transformou a Lei Fomentar em Lei Produzir. Esses empreendimentos foram fundamentais para a consolidação de Anápolis como o mais importante parque industrial goiano.

Há pelo menos 8 anos Anápolis não recebe nenhum benefício do poder público, para alavancar ainda mais seu desenvolvimento. A tão decantada Plataforma Logística Multimodal, inaugurada pomposamente pelo governo estadual, há vários anos, até hoje não viu uma única empresa nela se instalar. O Aeroporto de Cargas, depois do seu projeto ser sobrestado nas gavetas do Tribunal de Contas do Estado-TCE, por imperfeição e falhas, foi licitado, mesmo sem os recursos necessários para sua construção. A realização das obras depende do ministério da Defesa, que bancaria 90 milhões de reais, dos 100 milhões previstos para o custo do investimento. O entreposto da Zona Franca de Manaus está ficando apenas na vontade dos anapolinos, à medida que Uberlândia se aprofunda nos investimentos para que ali seja instalado, e as obras em Anápolis não saem do papel.

Até o Centro de Convenções, anunciado para ser construído na área em que funcionava o Aprendizado Agrícola Sócrates Diniz, passou de sonho a pesadelo. Sua maquete desapareceu e o dinheiro, que a Secretaria da Indústria e Comércio dizia ter em caixa para sua execução, virou fumaça.

Enquanto isso municípios que estão recente na luta pela industrialização como Aparecida de Goiânia, graças às suas representações políticas e determinação do seu prefeito, paulatinamente vão assumindo a liderança industrial do Estado. Ficamos apenas com promessa de empreendimentos megalomaníacos enquanto outros municípios vão se consolidando dentro da realidade da economia brasileira e usando o poder político que um dia Anápolis já teve.

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