terça-feira, 2 de março de 2010

Cronologia da Violência

Primeiro de abril de 1964: Após ter sido eleito o primeiro presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Anápolis pelo voto direto, Adhemar Santillo é destituído do cargo pelos integrantes do golpe que destituiu o Presidente da República João Goulart.



Maio de 1964: Adhemar Santillo é preso juntamente com médico Fuad Siad, acusados de pertencerem ao movimento clandestino Ação Popular (AP). Responderam a inquérito policial na Secretaria de Segurança Pública de Goiás.



Junho de 1964: Adhemar Santillo responde a Inquérito Policial Militar (IPM), comandado pelo Exército Brasileiro. Conclusão do IPM: não é encontrado nada que possa incriminá-lo.



Junho de 1964: Adhemar é impedido de trabalhar como radialista na Rádio Carajá de Anápolis ou qualquer outra emissora de radiodifusão da cidade pelo coronel Izacir Telles.



Agosto de 1964: Por determinação do coronel Epitácio de Brito, chefe de gabinete militar do governador Ribas Jr., Romualdo Santillo é preso por haver escrito no jornal Correio Braziliense, em sua coluna diária “O Que Se Comenta”, notícia em que fazia crítica à postura do coronel. Com seus jantares diários realizados no Palácio das Esmeraldas em Goiânia, o coronel buscava apoio a uma possível candidatura ao governo do Estado pela UDN, nas eleições que aconteceriam em 1965.



Dezembro de 1966: Henrique Santillo, eleito vereador da Câmara Municipal de Anápolis, deixou de ser diplomado pelo Juiz Eleitoral Manuel Luis Alves, sob a acusação de ser fichado como comunista na G2 da Polícia Militar de Minas Gerais. Henrique Santillo foi diplomado e empossado quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Goiás, em vista de documentos oficiais buscados por Adhemar em Belo Horizonte e acostados ao processo, atestou não ser Henrique fichado naquela corporação.



1969: Candidato a prefeito de Anápolis pelo MDB, Henrique Santillo teve seu registro de candidatura, diplomação e posse impugnados pelos adversários, sempre com denúncias e documentos falsos. A Justiça Eleitoral não deu provimento a nenhuma das denúncias, mandando-as ao arquivo.



Janeiro de 1971: Encerradas as eleições de 1970, Anapolino de Faria foi o candidato a Deputado Federal mais votado em Anápolis e Adhemar o mais votado para a Assembléia Legislativa. Integrantes do MDB do município, contrários aos Santillo, denunciaram Henrique Santillo, Anapolino de Faria e Adhemar Santillo à Polícia Federal, acusando-os de prática de corrupção eleitoral naquelas eleições. Foi designado o delegado Jesus Lisboa para a realização do inquérito que, concluído, ficou engavetada na Procuradoria Geral do Estado.



Janeiro de 1971: Dos quinze vereadores que compunham a Câmara Municipal de Anápolis, foram eleitos em 1970 dez pertencentes ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e cinco da Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Foram eleitos para a mesa diretora da Camâra, biênio 1971/1972, Antônio Marmo Canedo como Presidente, Walmir Bastos Riberio como vice-Presidente e Walter Gonçalves de Carvalho como Secretário, todos emedebistas e santillistas. Antônio Marmo Canedo faleceu no exercício da Presidência. Para substituí-lo, foi efetivado Walmir Bastos.



1972: Com a morte de Antônio Marmo Canedo, três vereadores do MDB (Lincoln Xavier Nunes, João Divino Cremonez e Pedro Sergio Sobrinho), não ligados a Henrique Santillo, passaram a votar de acordo com os cinco arenistas em oposição ao prefeito. Os adversários lutaram para que Walmir Bastos, Presidente da Câmara, aderisse à ala do MDB oposicionista a Henrique. Não conseguiram e passaram a perseguí-lo com auxílio dos órgãos de repressão, comandados pela Polícia Federal e Delegacia da Ordem Política Social do Estado, sendo preso por três vezes consecutivas. A última prisão de Walmir foi a mais violenta, pois foi retirado sob mira de metralhadoras de dentro do carro em que Adhemar lhe dava uma carona. Foi conduzido à Brasília e dele foi exigido que renunciasse à Presidência da Câmara e ao seu mandato de Vereador. Se cumprida, essa exigência abriria a vaga do Presidente da Câmara Municipal de Anápolis para os opositores ao prefeito. Com isso, usariam o documento do inquérito feito pela Polícia Federal e afastariam Henrique Santillo da Prefeitura. Das duas vezes anteriores, Walmir suportou todas as pressões. Dessa vez, contudo, não resistiu às torturas psicológicas e físicas. Acabou assinando sua renúncia ao mandato e entregou-a ao major Leopoldino, chefe da carceragem em que se encontrava nas dependências do Exército Brasileiro em Brasília. Alertado pelo Deputado Estadual Adhemar Santillo, o presidente nacional do MDB, Deputado Federal Ulysses Guimarães, denunciou a trama à nação e o documento assinado por Walmir Bastos à base da tortura nunca chegou a Câmara Municipal de Anápolis. Walmir cumpriu seu mandato até o final, o mesmo acontecendo com o Prefeito Henrique Santillo.



1 de fevereiro de 1973: Na madrugada do dia em que José Batista Jr. tomaria posse substituindo Henrique Santillo na prefeitura de Anápolis, policiais militares do estado invadiram os estúdios e transmissores da Rádio Carajá, pertencentes aos santillistas desde 1967, alegando cumprir ordens do Departamento Nacional de Telecomunicações (DENTEL). Afastaram os santillistas da sua direção, devolvendo-a ao seu antigo proprietário, Plínio Jayme.



Maio de 1973: Adversários do médico Henrique Santillo exigiram da direção nacional do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS) seu descredenciamento daquele instituto, com o objetivo de forçá-lo a mudar-se de Anápolis ou abandonar a luta oposicionista. Algum tempo depois, médicos anapolinos forçaram o INPS a rever a punição, com Henrique sendo recredenciado.



Agosto de 1973: Sete meses após sua posse, o prefeito José Batista Jr. teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos por dez anos, com base no Ato Institucional n°5 (AI-5), pelo Presidente Emílio Garrastazu Médici. No mesmo dia, o município de Anápolis foi considerado área de Interesse à Segurança Nacional e o engenheiro Irapuan Costa Jr. nomeado Prefeito.



Setembro de 1973: Adversários dos Santillo, com auxílio da Polícia Federal e do DOPS estadual, prenderam vários integrantes do MDB de Anápolis, dentre eles ex-secretários do prefeito Henrique Santillo e líderes comunitários, levando-os para as dependências do DOPS em Goiânia. O objetivo era arrancar, sob pressão e tortura, denúncias contra Henrique e Adhemar Santillo. A trama só foi desfeita quando o Advogado Vicente Alencar, acompanhado de Adhemar, entregou pessoalmente ao Ministro do Exército, Orlando Geisel, completo relatório dos planos escusos que estavam acontecendo em Goiás.



Maio de 1974: Por determinação do Procurador de Justiça do Estado, o inquérito elaborado pela Polícia Federal em 1971 contra Henrique e Adhemar Santillo foi encaminhado ao Ministério Público de Petrolina, para que apresentasse denúncia contra os dois, com a finalidade de afastá-los da disputa eleitoral daquele ano. O Promotor Decil de Sá Abreu negou-se a fazer a denúncia e o processo foi encaminhado à comarca de Anápolis. Ali, o Ministério Público apresentou a denúncia, que não foi recebida pelo Juiz Eleitoral Clementino Alencar. Caso o juiz a aceitasse, os dois irmãos não poderiam disputar a eleição para Deputado Estadual e Federal como disputaram, pois a lei das inelegibilidades impedia registro de candidatura pela simples aceitação da denúncia pelo Judiciário para esse tipo de crime eleitoral.



25 do Maio de 1975: Rádio Santana Ltda., pequena emissora de rádio-difusão com 250 Watts de potência, adquirida pelos Santillo depois da invasão da Rádio Carajá, foi fechada por determinação expressa do Ministro das Comunicações Quandt de Oliveira. Deixava de ir ao ar o programa noticioso “O Povo falou, tá Falado”, que, desde 1967, era apresentado por Romualdo e Adhemar Santillo.

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