sábado, 27 de fevereiro de 2010

Walmir Bastos, baiano de Jequié

Embora fosse muito amigo de Walmir Bastos Ribeiro, meu colega e companheiro de política estudantil no Colégio Estadual José Ludovico de Almeida, em Anápolis, não pude trabalhar e nem mesmo dar meu voto a ele na eleição de 1966, quando meu irmão, Henrique Santillo, também foi candidato a vereador. Mesmo assim, sua votação ultrapassou os 400 votos.

Os eleitores de Walmir Bastos foram, quase na totalidade, seus colegas do colégio José Ludovico de Almeida, seus professores e familiares. Ficou na quarta suplência da bancada emedebista.

Ao final da Legislatura, em dezembro de 1970, Walmir disputou a reeleição como vereador titular. Algumas figuras destacadas do MDB morreram naquele período, de 1967 a 1970, propiciando a efetivação de Walmir Bastos, o “Baiano”.

Adão Mendes Ribeiro, nosso representante de Campo Limpo, pai do vereador Achiles Mendes Ribeiro, faleceu naquela Legislatura. João Luiz de Oliveira, professor, grande líder anapolino, ex-prefeito de Anápolis, igualmente integrante da bancada emedebista, também faleceu no exercício do mandato de vereador. Outro que faleceu foi o vereador João Furtado de Mendonça, a exemplo de Adão Mendes e João Luiz, detentor de vários mandatos no Legislativo Municipal. Ainda nos deixou naquele período, Oscar Miotto, primeiro suplente, que pela morte dos titulares havia se efetivado.

Na eleição de 1970, Walmir Bastos se reelegeu, contando especialmente com os votos de alunos, professores, profissionais liberais e intelectuais de Anápolis. Daí para frente, ganhou todas as eleições que disputou para a Câmara Municipal. Foi vereador por sete vezes consecutivas. Na legislatura de 1970/ 1972, elegeu-se vice–presidente da mesa diretora, em companhia de Antônio Marmo Canedo, eleito para a presidência e Walter Gonçalves de Carvalho, para a secretaria.

Antonio Marmo Canedo, o Toninho, lutava já há algum tempo contra uma leucemia, que vez por outra o afastava das suas atividades legislativas. Heroicamente vencia as batalhas travadas contra a enfermidade. Nunca desanimou ou se deu por vencido. Infelizmente o fatídico dia chegou, Toninho não resistiu e nos deixou.

Com a morte de Antonio Marmo Canedo, a presidência da Câmara ficou vaga. Na qualidade de vice-presidente, Walmir Bastos Ribeiro assumiu o cargo. Essa atribuição consta do Regimento Interno daquela casa legislativa. A Arena, minoria na Câmara, havia recebido apoio de três dos integrantes da bancada emedebista. Continuavam no MDB, mas eram adversários do prefeito Henrique Santillo, que passou a contar com oposição de oito votos dos quinze integrantes da Câmara Municipal.

Conhecedores da firmeza do “Baiano”, que resistira a todas investidas feitas para convencê-lo a ficar contra Henrique, engendraram manobra para afastá-lo do cargo. Alegaram que Walmir não possuía qualidade intelectual para exercer a função, pelo seu jeito informal e despojado. Foi nessa função, como presidente da Câmara de Vereadores, que Walmir enfrentou as maiores provações, numa perseguição interminável por parte dos adversários políticos locais, aliados aos órgãos da repressão oficial federal.

O que a bancada da Arena e alguns emedebistas adesistas anapolinos queriam era manipular um presidente para formalização de processo de afastamento do Prefeito Henrique Santillo. Tinham a certeza de que com o emedebista Walmir Bastos não teriam sucesso. Tentaram a sua adesão, mas fracassaram. Trabalharam sorrateiramente para que Walmir renunciasse à presidência, não conseguiram.

Apelaram, então, aos órgãos de repressão nacional, que usaram expedientes arbitrários e repugnantes para amedrontar Walmir Bastos.

O resultado foi sentido de forma clara e inequívoca. Aquela figura desengonçada e até simplória de Walmir Bastos era muito mais resistente do que imaginavam. O estoicismo do moço de Jequié foi decisivo para que Henrique Santillo terminasse seu mandato na prefeitura e desse seqüência à sua caminhada vitoriosa na política.

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