– São esses dois aqui, eles estão causando o maior tumulto e contrariando a lei eleitoral!
– Que é isso, rapaz? Sai daqui bagunceiro, você é que está causando tumulto, nem sei quem é você! Disse Felipe Jorge Matar, para o Tostão, que assustado, não entendia nada.
Enquanto Tostão deixava o recinto às pressas, atônito, Felipão abraçava Edenval e Elcival Caiado, na maior felicidade.
Isto aconteceu na primeira eleição que disputamos na oposição em Anápolis.
Era 1974 e com a implantação da Base Aérea, o município fora enquadrado como área de Interesse à Segurança Nacional, sendo a cidade administrada por prefeito nomeado.
Henrique seria candidato a Deputado Estadual e eu a Federal. Meu irmão mais velho, Henrique, ficaria no eixo Anápolis – Goiânia, trabalhando pelas nossas candidaturas. Sentíamos pela reação popular que o povo estava ao nosso lado, nos estimulando a ir em frente. O conceito que o povo tinha a nosso respeito era de orgulho pela resistência que mantínhamos contra o regime opressor instalado no país em 1964, o que nos motivava a intensificar o trabalho. Acomodação ou preguiça não faziam parte do nosso dicionário. A nossa mensagem de resistência era levada com destemor e persistência. Os tropeços, como a cassação de prefeito José Batista Jr. e transformação do Município em Área de interesse à Segurança Nacional não nos desanimavam. Pelo contrário, nos davam mais motivação. Não tínhamos apego ao poder. Sabíamos fazer política na oposição. Nossas armas eram disposição, amor à democracia e coragem. Com um verdadeiro batalhão de homens e mulheres idealistas que também acreditavam na força popular, resistir era o lema único de todos. A influência do poder econômico, dentro do MDB não existia. A tática dos governistas era a de forçar prefeitos do MDB a aderirem, sempre com a velha e surrada cantiga de que só assim os benefícios chegariam ao seu município. Para cidade do porte de Anápolis essa manobra não funcionava, uma vez que o eleitor estava mais esclarecido.
Transcorrida a campanha eleitoral, nenhum incidente mais grave ocorreu, porque evitávamos aceitar as provocações que faziam. Nas eleições e na apuração dos votos não nos preocupávamos, porque nas seções eleitorais e mesmo nas juntas apuradoras, tínhamos simpatizantes em maioria, não deixando que o resultado da vontade popular fosse adulterado.
Vicente Alencar, presidente do MDB anapolino, designou Felipe Jorge Matar para delegado fiscal das eleições. Felipe reuniu os fiscais, passando-lhes instruções de que observando qualquer descumprimento à lei eleitoral, denunciasse o fato a um policial mais próximo. As informações constavam num manual entregue a cada um. No dia da eleição, tudo correndo dentro da normalidade, Tostão, um dos nossos fiscais voluntários, foi até o comitê do MDB atrás de apoio para retirar dois senhores, elegantemente trajados, que cumprimentavam eleitores na fila de secção em que trabalhava, no Banco do Brasil. Felipe logo deu o grito:
– Vamos lá, Tostão! Vou ensinar a você como se deve proceder. Seja quem for, vai para a cadeia. Cadeia, Cadeia... Entendeu?
Ao chegarem ao banco, na secção eleitoral, Felipe avistou os irmãos Edenval e Elcival Caiado, cumprimentando os eleitores. Elcival disputava com Henrique Fanstone os votos arenistas do município, enquanto Edenval, o mais velho dos filhos de Totó Caiado, dava apoio ao irmão. Tostão se aproximou dos dois e gritou para Felipão:
– São esses dois aqui!
– Que é isso, rapaz? Sai daqui bagunceiro, nem sei quem é você! Disse Felipe Jorge Matar, para o Tostão, que assustado, não entendia nada.
Enquanto Tostão deixava o recinto às pressas, atônito, Felipão abraçava Edenval e Elcival Caiado, na maior felicidade:
– Se algum desses meninos atrevidos mexer com os senhores, podem me procurar. Queremos tranqüilidade.
parabens por ter mais uma vez lebrado com carinho do nosso saldoso pai, pois ele era realmente uma pessoa especial , diferente de tudo e de todos , obrigado , do seu filho felipe jr e claudina matar (esposa).
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