quinta-feira, 15 de março de 2012

A força do MDB santilista em Anápolis

Estamos resgatando a página mais bonita da história política dos anapolinos contra a ditadura militar de 1964. Na crônica passada, relatamos parte da disputa pela Prefeitura de Anápolis, em 1972, última eleição direta para prefeito, antes de o Município ser transformado em Área de Interesse da Segurança Nacional.

Os arenistas acreditavam que Eurípedes Junqueira, pelo seu valor pessoal, contando com forças governistas federais e a máquina administrativa estadual, seria eleito prefeito. Um debate pela televisão, diziam, aumentaria o cacife de Eurípedes. Compraram horário nobre, num domingo, na TV Anhanguera. Chegamos aos seus estúdios às 18 horas. Encontramos o quadro montado. Índio do Brasil Artiaga, que viria a ser prefeito nomeado de Goiânia, vereador Lincoln Xavier Nunes (MDB) que apoiava Eurípedes, e quatro jornalistas goianienses que serviam ao Governo Estadual, organizavam as regras do debate. Os jornalistas se apresentaram como os entrevistadores. Não aceitei as regras. Propus-me a fazer perguntas para Eurípedes Junqueira e que, um deles, fizesse perguntas a José Batista. Não concordaram. O impasse foi criado. Depois de muita discussão chegamos à conclusão de que só Eurípedes e José Batista entrariam no estúdio. Fariam perguntas, um ao outro.

Foi um debate sereno, sem agressões ou perguntas constrangedoras. Só ficamos sabendo da repercussão do debate quando chegamos a Anápolis. Fomos recebidos com muita festa e foguetes. Os adversários, por sua vez, também haviam gostado da apresentação de Junqueira. Mas, o debate serviu para mostrar aos que não conheciam bem a José Batista Júnior, que ele era competente e preparado para dirigir o Município de Anápolis.

Na semana seguinte, o desespero dominou as hostes arenistas. Partiram para o tudo ou nada. Em reportagem encomendada, duas páginas no Jornal Cinco de Março, de Goiânia, o jornalista Edson Nunes, foi violento contra José Batista Júnior, sem apresentar nenhum documento. Acusou-o de tudo. Desde que teria colocado fogo em uma loja comercial de sua propriedade para receber seguro a estelionato. Difamado e caluniado, não perdeu a tranquilidade. Mesmo sendo inverdades grosseiras, enorme baixaria, deram-nos muita dor de cabeça e perda de tempo. Desmentimos todas, mas não tiveram o destaque merecido pela imprensa denunciante.

O refrão usado pelo locutor dos comícios da Arena era: “Zé Tochinha, Zé Tochinha, Zé Tochinha...” alusão a José Batista Júnior de que teria colocado fogo em uma loja comercial em Goiânia.

Os comícios de encerramento da campanha aconteceram no último dia. O de José Batista Júnior foi na Praça Bom Jesus. O de Eurípedes Junqueira, na Praça das Mães. Os oradores de Batista Júnior foram os mesmos de todos os dias, tendo como o grande destaque Henrique Santillo. Inúmeros foram os oradores convidados ao comício de Junqueira. As atrações artísticas no comício do MDB foram as duplas sertanejas Zé Venâncio e Saulino e Cascatinha e Inhana. No da Arena houve globo da morte, outras atrações circenses e o maior conjunto musical do Brasil à época: Os Incríveis. O público se revezava indo de um lado para o outro.

No dia da eleição só se viam automóveis trabalhando para Eurípedes. Na contagem dos votos, Eurípedes Junqueira saiu à frente nas primeiras urnas. Encerradas as seções do setor central, entrando as urnas dos bairros e da zona rural, José Batista Júnior tirou a diferença e ampliou a vantagem de seção em seção. José Batista Júnior foi eleito de forma emocionante e espetacular. Recentemente comentando sobre essa eleição, Eurípedes Junqueira atribuiu sua derrota à força do santilismo em Anápolis... (continua)

terça-feira, 6 de março de 2012

Campanha emocionante em 1972

Em abril de 1972 foi inaugurada a Base Aérea dos Mirage em Anápolis. Falava-se na transformação do Município em Área de Segurança Nacional. Acreditando numa vitória arenista a ideia foi adiada.

Para a eleição daquele ano, o MDB indicou como candidato a prefeito, o professor José Batista Júnior. Querido e respeitado pela população e pelos companheiros de partido. Havia comandado a educação e a cultura do Município. José Batista seria protagonista de uma das mais emocionantes disputas pela prefeitura de Anápolis.

Seu adversário, professor Eurípedes Barsanulfo Junqueira, era tido como funcionário público municipal exemplar. Começou como contínuo, chegando à chefia de gabinete do prefeito nas administrações de Hely Alves Ferreira e Jonas Duarte. Havia passado pela direção do Colégio Estadual “José Ludovico de Almeida”, principal colégio da cidade. Em 1965, cogitado para ser candidato em substituição ao prefeito Jonas Duarte, abriu mão para Raul Balduíno. Era, sem dúvida, a pessoa mais forte que a Arena poderia lançar.

José Batista, também, um político coerente e tradicional, se apresentava como o candidato da luta pela redemocratização do País e único capaz de dar continuidade ao trabalho realizado pelo grupo santilista.

A tese defendida por Eurípedes foi a de que Anápolis ganharia com a sua eleição por que ele teria a mão esquerda estendida ao Governo Estadual e, a direita, ao Governo Federal. Fez, pessoalmente, a campanha paz e amor. Sem o ódio e radicalismo, como a maioria dos que o apoiavam. Sua mensagem era, especialmente, levada às mães. Era tido pelos analistas políticos como imbatível.

Não havendo eleição para prefeito em Goiânia, a estrutura do Governo Estadual, para ganhar a eleição, foi transferida para Anápolis. Lei eleitoral falha, justiça desaparelhada, sem termos a quem recorrer, incentivávamos o eleitor a receber as benesses oferecidas pelo Governo, mas que votasse em José Batista Júnior:

- “Peguem o dinheiro, carteira de motorista, material de construção que estão lhe oferecendo, mas votem contra quem está tentando comprar seu voto. Diga não à corrupção e à escravidão. Vote pela liberdade. Vote José Batista Júnior.”

A Rádio Imprensa, pertencente ao médico Henrique Fanstone, presidente municipal da Arena, fazia a campanha arenista. Transmitia, todas as noites, os comícios de Junqueira. A Rádio Carajá comandada pelo MDB autêntico, defendia a administração Henrique Santillo, a candidatura de José Batista Júnior e transmitia, diariamente, os seus comícios.

Os emedebistas que romperam com o prefeito Henrique Santillo, criaram um grupo que se auto-intitulou “MDB Positivo” em apoio a Eurípedes Junqueira. Fernando Cunha Júnior e Ronaldo Jayme, por serem detentores de mandatos, não subiram ao palanque de Eurípedes Junqueira. Os demais emedebistas, adesistas, fizeram parte do palanque arenista. No palanque de José Batista Júnior, Henrique Santillo, Anapolino de Faria, os sete vereadores que apoiavam o prefeito, dentre eles o candidato a vice Milton Alves Ferreira; João Abrão, Presidente do MDB, Romualdo Santillo, eu e lideres populares.

Certos que num debate pela televisão Eurípedes Junqueira venceria José Batista, a Arena comprou o horário mais importante da TV Anhanguera, o único canal de televisão, até então, existente em Goiás, para o confronto, marcado para as 19 horas de um domingo... (continua)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Até o Exército Foi Usado Para Afastar Walmir

Com duas câmaras de vereadores funcionando simultaneamente em Anápolis, o juiz Clementino de Alencar Lima reconheceu, como legitima, a presidida por Walter Gonçalves de Carvalho. A que apoiava Henrique Santillo. Ao mesmo tempo chegou-nos a notícia de que Walmir Bastos estava preso nas dependências do Exército, em Brasília. Só ficamos sabendo do seu paradeiro naquele local por que alguns membros do Partido Comunista Brasileiro - PCB, daqui de Anápolis, que lá se encontravam presos, agora em liberdade, nos trouxeram informações dele.

No PIC, do Exército em Brasília, à disposição do major Leopoldino, militar envolvido na trama para forçá-lo a renunciar ao mandato de vereador, Walmir não resistiu às pressões e torturas, assinado sua carta-renúncia. O documento ficou nas mãos de Leopoldino. Caberia a ele encaminhá-lo à Câmara Municipal de Anápolis. Teria que ser lido em plenário para que a renúncia se consumasse. Sem Walmir, com eleição de novo presidente que, com certeza, seria do grupo que fazia oposição ao prefeito Henrique Santillo, os golpistas ficaram eufóricos com a notícia que circulava nos bastidores sobre a renúncia. Só falavam na iminente cassação de Henrique Santillo. Antes que a carta-renúncia chegasse à Câmara, Walmir foi solto.

Chegando a Anápolis, ele me procurou narrando em detalhes o acontecido. Imediatamente fomos a Brasília conversar com o presidente nacional do MDB, deputado Ulysses Guimarães. Na Câmara Federal, acompanhados do deputado Anapolino de Faria, narramos a violência praticada contra Walmir Bastos, nas dependências do Exercito, tudo objetivando o afastamento de Henrique Santillo da Prefeitura. Ulysses designou o líder da bancada emedebista na Câmara, deputado Jayro Brum (RG), para que denunciasse o caso à Nação.

A repercussão nacional da denúncia impediu que o major Leopoldino encaminhasse à Câmara Municipal de Anápolis o oficio de renúncia. Com isso o vereador continuou exercendo seu mandato e, consequentemente, a presidência. Os golpistas da Arena, reforçados por adesistas do MDB, sem presidência da Câmara Municipal e com processo feito por encomenda à Policia Federal, desprovido de provas contra nós - Henrique, Adhemar e Anapolino - não tiveram a coragem de nos processar judicialmente.

Encerrado o mandato de Henrique Santillo como prefeito, o processo foi entregue ao Procurador estadual Bechara Daher, que o manteve em sua gaveta para uso posterior.

Como prefeito, Henrique Santillo, sofreu outras perseguições. Uma delas foi retenção do ICM - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - pelo Governo Estadual. Nos três últimos meses da sua administração, em 1972, o prefeito não teve sua quota de 25% do ICM arrecadado em cada mês no Município, repassada pela Secretaria da Fazenda Estadual, no prazo estabelecido em lei. Com isso, sendo a maior fatia da arrecadação municipal, a Prefeitura não dispunha de recursos sequer para o pagamento do salário do funcionalismo público. Queriam desgastar e desestabilizar o prefeito. Mesmo com tantas perseguições ao longo da sua administração, Henrique Santillo continuava com grande apoio popular.

A solução para essa retenção indevida de tributos veio com sua reação imediata. Henrique determinou ao Procurador Geral da Prefeitura, Vicente de Paula Alencar, que requeresse Intervenção Federal, no Governo do Estado, por descumprimento à norma constitucional, que previa punição com intervenção federal no caso de retenção ou atraso do repasse de impostos, pertencentes aos municípios. Imediatamente as quotas de ICM retidas foram repassadas a Anápolis. Henrique se aproximava do final da sua administração superando todas as tentativas de golpe... (continua)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A Violência Contra Walmir Bastos

Com a denúncia caluniosa, verdadeira deduragem do grupo contrário ao santillismo em Anápolis, se utilizando inclusive da Polícia Federal, o MDB local rachou por completo. O prefeito Henrique Santillo demitiu das secretarias e diretorias os integrantes da equipe denuncista. Ele que contava com folgada maioria de 10 vereadores contra 5 da Arena, na Câmara Municipal, viu seu partido transformar-se em minoria de 7 contra 8, com as adesões dos emedebistas Lincoln Xavier Nunes, Pedro Sergio Sobrinho e João Divino Cremonez , lhe fazendo oposição radical.

Com leucemia e saúde abalada, o presidente da Câmara, vereador Antônio Marmo Canedo-MDB pró Santillo, que mesmo debilitado pelo câncer lutava como um leão, não resistiu vindo a falecer. Walmir Bastos Ribeiro- MDB, que da mesma forma pertencia ao grupo autêntico que apoiava o prefeito, assumiu a presidência na qualidade de vice presidente eleito ao lado do presidente Marmo Canedo e Walter Gonçalves de Carvalho, secretário.

Os adversários de Henrique Santillo dentro do MDB, já haviam tentado a adesão de Walmir. Isso ocorreu num banquete realizado na casa de um dos integrantes do grupo. Na oportunidade ofereceram todo tipo de vantagens pessoais para que mudasse de posição. Não conseguindo, partiram para a perseguição e violência:

Mobilizaram órgãos da repressão para prender, torturar e levar Walmir Bastos à renúncia do mandato. Departamento de Ordem Política e Social – Dops, da secretaria Estadual de Segurança Pública e Policia Federal fizeram parte da ação. O vereador foi preso passando mais de 10 dias numa cadeia de Goiânia. Solto só após haver se comprometido que na Câmara Municipal ficaria ao lado dos três vereadores do MDB que faziam oposição a Henrique Santillo. No exercício do mandato Walmir continuou à frente da presidência da Câmara, apoiando o prefeito. Foi novamente preso por integrantes do Dops e Policia Federal. Ficou mais 15 dias totalmente incomunicável. Ganhou a liberdade depois de novamente se comprometer a deixar a liderança de Henrique Santillo. Retornando a Anápolis publicou panfleto em que denunciava à população as perseguições sofridas.

Estava distribuindo: “ Uma Voz que Não se Cala diante das Ameaças!”, nas dependências da prefeitura que funcionava na Praça do Bom Jesus, quando avistou os policiais que o prenderam nas vezes anteriores. Correu para o gabinete do prefeito Henrique Santillo, onde me encontrava. Fiquei com ele até que a noite chegasse. Escuro, ruas desertas, entrei no meu carro para lhe dar carona e fuga. Mal sentou-se ao banco do carona, quando dois policiais a paisana, fortemente armados nos deram voz de prisão. Quando me reconheceram, pois era deputado estadual, pediram mil desculpas e alegaram que o levariam para um depoimento na Policia Federal e em seguida seria liberado.

Dali o levaram para prisão onde sofreu todo tipo de humilhação, agressões e torturas. Nenhum de nós do grupo santillista sabíamos para onde fora levado. Só depois de muito tempo soubemos que se encontrava em Brasília. Continuava apanhando para que renunciasse a presidência da Câmara. Enquanto isso os 5 vereadores da Arena, mais os 3 do MDB que faziam oposição a Henrique Santillo, elegeram um novo presidente para dirigir a edilidade municipal. Assumiram a sede da Câmara, que funcionava no edifício do Clube Recreativo Anapolino, à Rua Barão do Rio Branco.

Os 7 do MDB, fiéis a Henrique Santillo, passaram a se reunir no antigo prédio da Biblioteca Pública Municipal Zeca Batista, á Praça Americano do Brasil, sob a presidência do secretário Walter Gonçalves de Carvalho. A questão foi parar na justiça... (Continua)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

MDB vence eleição para a Prefeitura em 1969

Continuando a história da resistência em Anápolis. Com o acerto interno do MDB, Henrique Santillo foi lançado candidato à prefeitura para a sucessão de Raul Balduíno, tendo Thales Reis na vice. A arena homologou a candidatura de Luiz Vieira, vice de Raul Balduíno. Quando PSD, PTB, UDN e todos os partidos foram extintos pela ditadura de 1964, Vieira que pertencia ao PTB, filiou-se à Arena. Candidato oficial do partido governista, contando com o apoio do governador Otavio Lage. Mesmo com toda estrutura oficial a favor do arenista, já se notava durante a campanha que não suportaria a supremacia, credibilidade e popularidade do MDB.

A vitória da dupla Henrique Santillo/Thales Reis foi esmagadora. Venceu em quase todo município. Luiz Vieira só ganhou, com 2 votos de frente, em Rodrigues Nascimento (Campo Limpo). Nas demais regiões a vitória de Henrique/Thales foi consagradora.

Na formação da sua equipe fui escolhido chefe de gabinete. Henrique organizou seu secretariado democráticamente, equilibrado, prestigiando as duas tendências existentes no partido. Thales Reis, Fernando Cunha e Carmem Xavier, dentre outros, da corrente de Achiles de Pina, fizeram parte do secretariado.

Nos seus três anos de mandato, comandou duas eleições. A legislativa em 1970 e a da sua sucessão em 1972.

O deputado federal Anapolino de Faria, nosso amigo e fiel companheiro, foi fundamental na nossa vida política. Desde o primeiro instante ficou aberta e decisivamente com a candidatura Santillo à prefeitura. Em 72 candidatou-se à reeleição. Fernando Cunha Júnior, do grupo contrário, também lançou-se candidato.

Convidamos Laudo Puglisi e José Batista Júnior para que um deles se candidatasse pelos santillistas, à deputado estadual. Não se dispuseram. Diante disso os companheiros lançaram minha candidatura. Fiz dobradinha com Anapolino de Faria. Fernando Cunha Júnior foi apoiado em Anápolis, dentre outros, por Ronaldo Jayme.

Para o Senado foram disputadas as três cadeiras. As deixadas por Juscelino Kubitschek e Pedro Ludovico Teixeira por terem sido cassados e a de José Feliciano Ferreira cujo mandato estava se encerrando. O MDB lançou Raul Balduíno, Gerson de Castro Costa e Pedro Ludovico Jr. Pela Arena disputaram Osires Teixeira, Benedito Vicente Ferreira e Emival Caiado. Se elegeram os três arenistas. Emival Caiado na terceira vaga, com mandato de 4 anos, por ter sido o menos votado dos três.

Anapolino e Fernando se elegeram deputado federal. Eu e Ronaldo Jayme fomos eleitos para a Assembléia Legislativa. Pela Arena, representando Anápolis, Elcival Caiado deputado estadual e Henrique Fanstone para a Câmara Federal.

Após as eleições o grupo contrário a Henrique Santillo no MDB, rompeu com ele, por não se conformar com o resultado eleitoral. Publicou um manifesto nos denunciando (prefeito Santillo, eu como deputado estadual e Anapolino de Faria reeleito deputado federal) termos praticado corrupção eleitoral. Alegaram, irresponsavelmente, termos usado máquinas da prefeitura de Anápolis, em estradas rurais de Ouro Verde, Goianápolis, Nerópolis e Petrolina, em troca de votos.

Por se tratarem de denúncias feitas por integrantes do MDB ao prefeito também do MDB, a Policia Federal abriu inquérito para apurá-las.

Ao mesmo tempo os emedebistas rompidos com Henrique Santillo, através dos vereadores Lincoln Xavier Nunes, Pedro Sérgio Sobrinho e João Divino Cremonez, passaram a votar com a Arena. Usaram o inquérito da Policia Federal, tentando o afastamento do prefeito pela Câmara Municipal, por impeachment... (continua)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Candidatura de Henrique Santillo à prefeitura

Com a vitória esmagadora, surpreendente, de Henrique Santillo para a Câmara Municipal nas eleições de 1966, a celeuma que se criou em torno da sua diplomação pela justiça eleitoral, seu nome emergiu de maneira espontânea como a grande liderança política de Anápolis para substituir Raul Balduino, nas eleições de 1969.

Antes de 1966, nós os santillistas, embora tivéssemos nossas convicções políticas e ideológicas, não havíamos sido filiados a nenhum partido político. Passamos a militar em partido só a partir de 1966, quando nos filiamos ao MDB. A vitória de Henrique Santillo para a Câmara Municipal dava inicio a um novo rumo para o partido em Anápolis.

O Movimento Democrático Brasileiro no município foi organizado, muito mais em cima de divergências políticas locais, que compromisso de combate a ditadura, que era o seu compromisso nacional.

Henrique Fanstone que fora derrotado por Raul Balduíno, nas eleições de 1965, para a prefeitura de Anápolis, filiou-se a Arena. Os liderados por Achiles de Pina, Jonas Duarte e Raul Balduíno, até por falta de outra opção, pois haviam só Arena e MDB, filiaram-se ao MDB. O deputado federal Haroldo Duarte convicto e ferrenho combatente à ditadura de 1964 era exceção dentro grupo. O surgimento de Santillo foi o grande acontecimento da política Anapolina. Viria transformá-la completamente.

Como vereador deu sustentação ao prefeito Raul Balduino, ao mesmo tempo que organizou o MDB para sua missão histórica de combate ao autoritarismo.O movimento popular, movimento das massas de baixo para cima, cresceu tanto que fugiu do controle dos “cardeais” do partido. O povo exigia a candidatura de Henrique Santillo. Mesmo com o vasto apoio popular, a cúpula municipal não acostumada a pressão, queria Thales Reis, como candidato. Thales era ex-delegado de polícia e genro de Achiles de Pina.

Até aquele momento da história política Anapolina, Achiles de Pina era a grande referência, o grande eleitor. Sua força política era antiga. Desde a época em que a maioria do eleitorado de Anápolis era rural. Como maior cerealista do município, mantinha um relacionamento comercial e de amizade com os fazendeiros de Nerópolis, Brasabrantes, Nova Veneza, Damolândia, Ouro Verde, Goianápolis, Campo Limpo, Souzânia e Interlândia, todos distritos de Anápolis. Seu pedido de apoio e voto para essas lideranças rurais era órdem a ser cumprida.

Embora sem apoio popular, a candidatura de Thales, foi se consolidando dentro do MDB, pela indefinição de Henrique Santillo que relutava em aceitar sua candidatura. Moacyr Junqueira, editor chefe do jornal O Anápolis, diário pertencente ao deputado federal Anapolino de Faria, numa das suas edições, estampou em manchete “ Adhemar Santillo será o candidato do MDB”
Diante desse fato novo, Henrique anunciou sua disposição de disputar a prefeitura.

Ainda assim a cúpula emedebistas insistia com a candidatura de Thales Reis. Passadas algumas semanas, Henrique Santillo foi convidado para reunião com o prefeito Raul Balduíno e seus apoiadores. Foi selada a unidade emedebista, com Santillo para prefeitura, Thales para a vice.

O apoio do deputado federal Anapolino de Faria, desde o primeiro instante, a Henrique Santillo, foi decisivo para a sua escolha como candidato do MDB. Se não contasse com esse apoio de Anapolino, mesmo com toda manifestação popular ao seu lado, o resultado da convenção poderia ter sido outro.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Walmir Bastos conquistou os anapolinos

Em 1957 Romualdo e eu estudávamos no Colégio Estadual de Anápolis que funcionava no prédio que pertence a Escola Antesina Santana, situada à Rua Desembargador Jayme, em frente à Igreja de Santana. Henrique já havia concluído o científico e se encontrava em Belo Horizonte para enfrentar o vestibular para medicina na UFMG.


O período letivo já havia iniciado, quando numa determinada noite do mês de março, o professor Hely Alves Ferreira, diretor do Colégio Estadual—que no ano seguinte, 1958, seria eleito prefeito de Anápolis, para um mandato de dois anos, compareceu à nossa sala, numa aula de francês, ministrada pelo professor Geraldo Fleury, tendo em sua companhia um rapaz magrinho, bigode ralo, usando terno de linho creme e gravata borboleta. Disse que o jovem viera de Jequié, na Bahia, para estudar em Anápolis. Tratava-se de Walmir Bastos Ribeiro, que viria se transformar, num futuro não muito distante, no mais eficiente e operoso vereador que já passou pela Câmara Municipal. Figura de destaque na luta contra a ditadura militar.


Walmir Bastos (primeira fila, esq.) durante sessão na Câmara

Walmir gostava de política. Seu ídolo era Vieira de Melo. Respeitado nacionalmente e que representava a Bahia, no Congresso Nacional. Já nas eleições de 1958 para o Grêmio Literário Castro Alves, fez parte da sua diretoria. O presidente era Severino Ferreira. Haviamos deixado Antesina Santana e fomos para o Colégio Estadual “José Ludovico de Almeida,” construído pelo governador Juca Ludovico, na Vila Brasil.

Na eleição de 1966, Walmir Bastos que se consagrara como grande liderança estudantil presidindo o Grêmio Castro Alves, saiu candidato a vereador. Disputou mandato enfrentando especialmente o médico Henrique Santillo, professor de Química Mineral, no científico do Colégio Estadual. Henrique era muito conceituado e querido entre os estudantes e professores. Com mais de 400 votos, Walmir ficou na quarta suplência do MDB.


No desenrolar da legislatura que se findou em 1970, Walmir, carinhosamente conhecido como Baiano, assumiu o mandato em inúmeras oportunidades. O Regimento Interno da Câmara Municipal, permitia que o titular faltando à sessão, o líder da bancada podia convocar o suplente melhor classificado presente ao recinto da Câmara para assumir a vaga. Como vereadores de cidades com menos de 100 mil habitantes não recebiam subsídios e o prefeito Raul Balduino administrava tranqüilo, sem oposição, em todas as sessões havia alguém que deixava de comparecer. Walmir gostava de política, não tinha apego a dinheiro, se fazia presente a todas as sessões, assumindo a vaga.


Fato histórico e raro mesmo, aconteceu naquele período de 1967/1970, no Legislativo anapolino. Iniciando legislatura como quarto suplente da bancada do MDB, o vereador Walmir Bastos ao final da legislatura foi efetivado titular.


No transcurso dos quatro anos, os vereadores emedebistas João Furtado de Mendonça, Adão Mendes Ribeiro, João Luiz de Oliveira e Oscar Miotto, faleceram. Com isso o baiano de Jequié terminou a legislatura em 1970, como titular.


Nas eleições de 1970, Walmir Bastos se reelegeu com expressiva votação. Seus eleitores esclarecidos e politizados eram especialmente profissionais liberais, professores e estudantes. A bancada do MDB elegeu 10 vereadores enquanto a Arena as 5 restantes. A Mesa Diretora da Câmara Municipal, para o biênio 1971/72, foi toda do MDB: Antônio Marmo Canedo, presidente; Walmir Bastos, vice-presidente; Walter Gonçalves de Carvalho, secretário...