quinta-feira, 20 de maio de 2010

Anápolis homenageará Moisés Santana

Publicado na edição de 20/05/2010 do jornal Diário da Manhã

No dia 20 de maio de 1922, portanto, a exatos 88 anos, morreu assassinado, na Redação do jornal Lavoura e Comércio, em Uberaba-MG,o escritor, jornalista e professor Moisés Augusto Santana. Foi morto pelo médico maranhense João Henrique Sampaio Vieira da Silva, que presidia a Câmara Municipal do Município. Muito inteligente, sabendo usar as palavras com maestria e fina ironia, esse goiano de Goiás Velho, que Anápolis muito lhe deve, escreveu no jornal “Separação de Uberaba”, versos satíricos considerados ofensivos pelo presidente da Câmara. Não suportando a contundência das críticas, João Henrique foi ao jornal Lavoura e Comércio, onde Moisés Santana era redator, assassinando-o à queima-roupa.

Anápolis ainda era uma pequena cidade e, naquele tempo, os meios de comunicação não eram sofisticados e rápidos como hoje. As notícias demoravam a chegar ao conhecimento público, mas tão logo foi divulgada em Anápolis, causou muita consternação a todos. Os anapolinos e goianos que o conheciam tinham por ele a maior admiração pela forma resoluta e carinhosa que defendia os interesses de Anápolis e Goiás. Mesmo não sendo integrante das famílias tradicionais de Santana das Antas, foi defensor ferrenho, apaixonado mesmo, pela história e luta dos anapolinos. Aparentemente destituído de vocação religiosa, coisa que descobriu aos 13 anos de idade, ao deixar o Seminário Episcopal de Santa Cruz, onde fora para seguir a carreira eclesiástica, era muito religioso. Moisés Santana se apaixonou pela história da mulinha empacadora. Aquela, que carregando bruacas, fazendo parte da tropa que descansara às margens do Córrego das Antas, não quis seguir viagem desobedecendo as ordens para ir em frente transportando carga tão pesada. Só caminhou quando abrindo as bruacas os tropeiros depararam com imagem de Santana no seu interior. Foi o aviso para que ali se construísse uma capela dando início ao povoado. O que mais tarde foi construída.

Fixando residência em Anápolis, antes da emancipação política do municipio, estando com 21 anos, Moisés Santana foi importante na consolidação dos objetivos de Gomes de Souza Ramos e Zeca Batista. Sua importância foi fundamental para que Santana das Antas se emancipasse com o nome de Anápolis. Sugestão que lhe foi feita pelo deputado Abílio Wolney, quando visitando as Antas, em busca de apoio para sua candidatura a deputado federal, sugeriu-lhe que defendesse o nome de Anápolis para o município que estava surgindo.

Casou-se com a anapolina Cassiana de Souza Dutra. Sua primeira filha, Antesina Santana, nasceu, viveu e morreu em Anápolis. Seu nome, Antesina, foi em homenagem à terra das Antas. Terra que fez questão de realçar no âmago da sua própria família, ao registrar a filha vinculando-a à terra em que nasceu. Quando do nascimento do seu segundo filho, já convicto de que o município deveria chamar-se Anápolis, o registrou como Joaquim Anapolino Santana. A partir de Anápolis, com os filhos homenageando a cidade em que nasceram, Moisés Santana fez o mesmo com os outros filhos, como Bárbara Goiabina, em respeito a Inhumas, onde nasceu.

Já em Uberaba, como redator do jornal Lavoura e Comércio, no dia 23 de novembro de 1904, Moisés Santana usou pela primeira vez de forma escrita a palavra Anápolis, num artigo em que falava sobre Santana das Antas.

Moisés Santana tem sido muito homenageado pelo muito que fez em favor da cultura goiana. Vários são os logradouros públicos que levam o seu nome. Os anapolinos estão lhe devendo esta homenagem. A Praça Moisés Santana, depois de remodelada, teve seu nome mudado para Praça das Mães, eliminando dos logradouros públicos do município o nome daquele que foi o maior divulgador e defensor de Anápolis no seu nascimento. Executivo e Legislativo municipais, jornalistas, escritores e professores, se preparem para a correção dessa injustiça involuntariamente cometida contra a figura ímpar de Moisés Augusto Santana!

Nenhum comentário:

Postar um comentário