sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Vicente Alencar, a liderança que se afastou


Temos relatado aqui registros de fatos políticos marcantes, verificados durante a Ditadura Militar de 1964/85, dos quais um grupo de anapolinos, sempre com o respaldo da esmagadora maioria da população, não cedeu ao arbítrio. Pela censura imposta à imprensa e a violência dos governantes da época, mesmo com a relevância da questão, foram pouco divulgados e conhecidos das gerações mais novas.

Relatamos que com o “pacote de abril” de 1977, editado pelo general Ernesto Geisel depois de fechar o Congresso Nacional, eliminou-se a eleição direta para governo de Estado, cassou-se o mandato do deputado Alencar Furtado, líder do MDB na Câmara Federal e transformou uma das duas vagas para o Senado, nas eleições de 1978, em nomeação por parte do partido que tivesse maioria na Assembleia Legislativa do seu Estado. Em Goiás, a maioria era da Arena. O senador Benedito Ferreira, o “Dito Boa Sorte”, representante de Araguaína, foi indicado senador biônico. Restou, apenas, uma vaga para ser preenchida pelo voto direto, voto do eleitor. Cada partido poderia lançar até três sublegendas. No MDB havia duas correntes: a moderada, liderada pelo deputado federal Juarez Bernardes e a autêntica, liderada pelo deputado estadual Henrique Santillo. Eliminada a eleição de Governador pelo voto direto, Juarez Bernardes foi lançado pelos seus companheiros, candidato ao Senado. Já pelos autênticos, como Fernando Cunha Júnior, que seria candidato a uma das vagas ao Senado e, não desistiu do seu projeto, inibiu a luta do grupo, para que Henrique Santillo, que seria o candidato ao Governo, fosse indicado para disputar a cadeira pela sublegenda. Vicente de Paula Alencar, Presidente do Diretório Municipal do MDB em Anápolis, santilista da primeira hora, insatisfeito com a decisão de Fernando Cunha Júnior, lançou-se, também, candidato a senador.

Conversei com Vicente para que não insistisse com a candidatura, pois era nosso desejo apoiá-lo candidato a deputado estadual. Seria, sem nenhuma dúvida, um dos mais votados para a Assembleia Legislativa. Em resposta disse-me que sua atitude era tática para forçar a desistência do Fernando Cunha Júnior:

- Afastada a pretensão do Fernando, me afasto também!

Como era a novidade da campanha daquele ano, Vicente Alencar, destemido e muito inteligente, bem relacionado com jornalistas políticos de Goiás, teve muita divulgação pela imprensa. Quase que diariamente o jornalista Reynaldo Rocha, que escrevia a coluna política mais lida da imprensa goiana, no jornal O POPULAR, trazia alguma coisa alusiva à sua candidatura ao Senado. Essa posição do presidente do MDB de Anápolis, só serviu para causar mais preocupação aos autênticos, que não abriam mão da candidatura Henrique Santillo. Nesse quadro confuso, de indefinição total, o deputado Fernando Cunha Júnior, refluiu anunciando sua candidatura, mais uma vez, a deputado federal.

O advogado Vicente Alencar, nosso defensor na maioria dos processos que respondemos e que vencemos todos na Justiça, tomando gosto pela pré-candidatura, dizendo já ter avançado muito, decidiu continuar batalhando para ser escolhido senador pelos autênticos na convenção do MDB. De nada valeram nossos apelos para que ele desistisse da pretensão e apoiasse a candidatura de Henrique Santillo. Não queria uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Afastou-se do nosso meio e radicalizou, ainda mais, o seu discurso:

- “Irei a todas as cidades levando minha proposta inovadora e democrática. Levarei comigo, apenas, um tamborete, o instalarei em calçadas e darei o recado...” (Continua)

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