quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Genética no poder


A presença de parentes em disputas políticas é elemento de estudo de sociólogos e cientistas políticos, pelo significado de busca pela hegemonia no poder e de exemplo pela proximidade nos círculos familiares. Em Goiás são pródigos os exemplos de parentes que se sucedem nos cargos políticos e até se confrontam em disputas.

A premissa para disputar cargos eletivos é prevista na legislação como sendo brasileiro, maior de 18 anos e estar em pleno gozo de seus direitos civis e políticos. Entretanto, para alguns militantes da política, o parentesco é fundamento essencial para lograr êxito na atividade, quer administrativa ou legislativa.

O mais comum é alguém com pretensões políticas ingressar na vida pública primeiro e despertar o interesse de parentes depois. Diante da perspectiva de exercer um cargo de relevância e ter o poder ao alcance das mãos os demais parentes lançam seus nomes à consulta popular através do voto.

Dessa forma os casos de familiares na política são bem representativos e repetitivos. Os irmãos Santillo: Henrique, Adhemar e Romualdo estiveram na ribalta política dos anos 1970 e 1980 e somente o segundo ainda tem alguma presença. Henrique, o mais velho, foi um dos mais atuantes congressistas da oposição ao regime militar. Foi senador, governador de Goiás, ministro e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Faleceu após um derrame fulminante e deixou uma legião de admiradores. Adhemar foi deputado federal, secretário de estado e prefeito de Anápolis. Onaide Santillo, esposa de Adhemar também foi deputada estadual. Romualdo, o irmão caçula foi deputado estadual, atuante e respeitado, porém sem o mesmo brilho dos irmãos mais velhos.

Ainda no exercício do poder há uma família inteira na política de Goiás. O líder é o conselheiro do TCE, Sebastião Tejota, que foi deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa. Sua esposa, Betinha, também foi deputada estadual. Ela não disputou novo mandato em 2010 e a família lançou o filho, Lincoln Tejota para o Legislativo. O irmão de Betinha, Alfredo Bambu é vereador em Goiânia e com aspirações maiores para manter o nome da família na política.

          Carreira em casa

Outra família anapolina se destaca atualmente na política goiana. Os irmãos Antônio Roberto Gomide e Rubens Otoni Gomide militam juntos no PT e gozam de prestígio na política regional. Antônio foi vereador na cidade e atualmente é o prefeito de Anápolis, bem avaliado e com chances reais de ganhar a reeleição já no primeiro turno com grande votação. Sua administração é elogiada até por adversários e premiada por políticas públicas de sucesso. Rubens foi deputado estadual e é deputado federal pelo terceiro mandato.

O casal Iris Rezende e Iris de Araújo estão na vida conjugal há quase meio século e na vida pública quase isto também. Iris, o marido, foi praticamente tudo em política: vereador, prefeito de Goiânia, governador por dois mandatos, ministro e senador por Goiás. É um ícone que curiosamente não repassou para filhos ou irmãos a paixão pela política. Iris a esposa foi senadora e é deputada federal pelo segundo mandato. Sua desenvoltura mostrou ter brilho próprio e não ser mera coadjuvante do marido.

O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, legou ao filho, Daniel Vilela a paixão pela política. Maguito foi deputado estadual, federal, senador e está à frente de Aparecida disputando a reeleição. Daniel foi vereador e é deputado estadual pelo mesmo partido do pai, o PMDB. A família Vilela tem outros dois expoentes na Câmara Federal: Leandro e Leonardo, que não são cantores. O curioso é que Leandro é do PMDB, enquanto que o primo Leonardo é destaque do arquirrival PSDB, tendo até presidido o partido em Goiás.

Pai e filho também estão no PTB. Jovair Arantes e Henrique Arantes seguem o mesmo padrão de familiaridade na disputa por votos. Jovair foi vereador, deputado estadual, é deputado federal e disputa a Prefeitura de Goiânia. Henrique seguiu os passos do pai até nos cargos: foi vereador e é deputado estadual licenciado para auxiliar no Executivo.

Há outros casos de familiares que se digladiam na política. Em Catalão a família é uma só: Faiad. Mas os primos Jardel Sebba e Adib Elias são igual cão com gato. Se encontrar um com o outro sai faísca e alguns imprompérios. Ambos disputam a prefeitura da cidade com uma gana que beira a arena de gladiadores. A esposa de Adib, Adriete Elias é deputada estadual pela segunda vez e auxilia o marido na campanha de Catalão.

          Panelinha

O publicitário e diretor do instituto de pesquisas Grupon, Mario Rodrigues Filho explica que a facilidade de entrar na política depois que outro parente já está na disputa facilita a vida de candidatos, mas pode ser um caminho perigoso.

“Fica sempre a impressão para as pessoas de que o exercício de um mandato é algo rentável e que querem a panelinha só para a família, coisa que a população tende a rejeitar”, frisa.

Mario explica que a facilidade de um se acoplar ao outro pode ser o outro gume da faca que apresenta grande risco de ferir o segundo candidato e que uma certa independência precisa ser mostrada para não permitir comentários mais desabonadores.

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