sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Raul Balduíno e o MDB (Final)

Vencida a eleição de 1965, Raul Balduíno deu início à sua administração. Combatido tenazmente pelos adversários, o prefeito não se deixou abater. Contando com significativa maioria na Câmara Municipal, quando o MDB elegeu dez dos quinze vereadores em 1966, teve tranquilidade para administrar. Henrique Santillo ao lado de Laudo Puglisi, João Furtado de Mendonça, João Luiz de Oliveira, Adão Mendes Ribeiro, Amador Abdalla, Raimundo de Oliveira Lima, Homero Batista, Oscar Miotto e Walmir Bastos transformaram o clima no Legislativo no mais favorável possível ao prefeito.

Durante quase todos os quatro anos de mandato os vereadores trabalharam sem remuneração. Quando os antigos partidos foram extintos, dando lugar a Arena e MDB, a legislação eleitoral foi alterada, só permitindo remuneração para os vereadores em cujos municípios houvessem no mínimo 100 mil habitantes. A população anapolina, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, não havia chegado aos 100 mil. Mesmo assim, foi a mais produtiva de todas as legislaturas na avaliação de jornalistas e analistas políticos.

Com pequenos recursos e inúmeros problemas a resolver, Raul deu grande impulso ao desenvolvimento municipal. Foi na sua administração que se realizou a primeira Feira da Amostra da Indústria Anapolina – Faiana. O evento aconteceu no parque de exposição agropecuária. A indústria em Anápolis era pequena, se concentrando mais nas máquinas de beneficiar arroz e cerâmicas. Fora disso, algumas outras de pequena dimensão. Com a Faiana, a economia municipal se despertou para a excelente posição geográfica da cidade, própria mesmo para se transformar em grande pólo industrial. Coração do Brasil, entroncamento das regiões Sul e Norte.

Ao suceder Raul Balduíno, o prefeito Henrique Santillo não só deu continuidade às feiras industriais, como considerou de utilidade pública, para efeito de desapropriação, a área de terra onde hoje se encontra instalado o Daia. Leonino Caiado, governador do Estado, desapropriou a área e instalou a primeira industria no local, pela Lei de incentivos fiscais nº 7.700: a fábrica de azulejos Cecrisa, atual Cemina. No governo Irapuan Costa Júnior foi edificado o Daia, o mais completo Distrito Industrial do Estado. O distrito industrial se consolidou com a Lei Fomentar, na administração Iris Rezende e Produzir, no governo Marconi Perillo.

Raul Balduíno construiu os primeiros conjuntos habitacionais de Anápolis, com financiamento do Banco Nacional de Habitação – BNH. O Conjunto Raul Balduíno, ao lado do Estádio Jonas Duarte e Vila Formosa. Na sua administração o Estádio dos Amadores, o Zéca Puglisi, foi construído. Vereador Laudo Puglisi (MDB), autor da lei propondo sua construção. A meu pedido, à época presidente da Liga Anapolina de Desportos, construída a sede própria da LAD, nas dependências do novo estádio. O primeiro Pronto Socorro da cidade, obra de Raul Balduíno, transformado mais tarde por Jamel Cecílio, em Hospital Municipal. Dotou zona rural municipal de infraestrutura, com abertura e conservação de estradas, construção de pontes e mata-burros. Auxiliou os pequenos proprietários rurais com açudes, cascalhamento de currais e estradas vicinais. Além da escola Elzira Balduíno, no Bairro Maracanã, fortaleceu com mais escolas os bairros e zona rural. Fez administração admirável e de grande alcance social.

Ao final da sua administração, tinha preferência pela candidatura do delegado de polícia Thales Reis à prefeitura. Thales, genro do coronel Achiles de Pina, grande líder da política municipal. Raul se dobrou à vontade da maioria da população que queria Henrique Santillo. Apoiou Santillo, tendo Thales Reis como seu vice-prefeito. Poderia ter ingressado na Arena, como normalmente faziam os políticos, principalmente ocupantes de cargo Executivo. Preferiu filiar-se ao MDB, mesmo depois da cassação de Iris Rezende Machado, prefeito de Goiânia, em 1969. Era o mais cotado para ser o vice de Iris Rezende Machado ao governo de Goiás nas eleições de 1970. Com a cassação de Iris e a eleição para o governo, transformada em eleição indireta pela Assembleia Legislativa, foi candidato ao Senado, ao lado de Gerson de Castro Costa e Pedro Ludovico Júnior. A Arena elegeu os três senadores, Osires Teixeira, Benedito Ferreira e Emival Caiado. Nas vagas deixadas por Juscelino Kubitschek, Pedro Ludovico e José Feliciano Ferreira. Três vagas porque Ludovico e Juscelino haviam sido cassados enquanto José Feliciano terminava seu mandato. Raul Balduino de Souza foi muito importante na luta dos brasileiros pela queda da ditadura.

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