sábado, 26 de fevereiro de 2011

Porto Seco de Anápolis, aposta que deu certo

Um grupo de empresários goianos tomou decisão arrojada quando participou da concorrência pública para a exploração da Estação Aduaneira do Interior –EADI de Anápolis. No início era apenas uma ideia. Praticamente um tiro no escuro. Os portos secos existentes pelo interior do Brasil funcionavam precariamente. Alguns meses antes da licitação do Porto Seco de Anápolis, a licitação da Estação Aduaneira de Brasília foi lançada e ninguém se interessou em participar. Os custos com construção de prédios, graneleiros e malha ferroviária seriam altíssimos. Tivesse sido instalado, o de Goiás estaria inviabilizado.

Como prefeito, acompanhei todos os passos para a instalação da Estação Aduaneira de Anápolis. Estivemos algumas vezes no gabinete do secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, em Brasília. Queríamos a concorrência pública. O governador Maguito Vilela defendeu nossa solicitação para que o Porto Seco fosse instalado em Anápolis.

Voltamos à Receita Federal solicitando alteração na portaria que, inicialmente, não permitia importar ou exportar produtos a granel. Realizada a concorrência pública e ampliadas as atribuições da futura aduaneira, só um grupo se interessou, participou e venceu a licitação.

A portaria estabelecia que a Eadi ficaria no Daia ou suas proximidades. Teria que contar com área administrativa, graneleiros, amplo pátio de estacionamento e rede férrea ligando à rede ferroviária federal. Investimento orçado em alguns milhões de reais.

Pelo empresário Gilson do Amaral Brito, fomos informados que o Ministério dos Transportes leiloaria o patrimônio da RFF instalado no Daia. Imóvel contando com a linha férrea, graneleiros, prédio administrativo, pátio para estacionamento. Dispunha de toda infraestrutura exigida pela Receita Federal. Com pouco investimento, estaria apto a abrigar a aduaneira. Era necessária uma ação política junto ao presidente da Rede Ferroviária, no Rio de Janeiro. A participação do ministro da Justiça, Iris Rezende Machado, foi decisiva. Defendeu o interesse de Anápolis junto ao ministro dos Transportes, Eliseu Padilha.

Fomos ao Rio de Janeiro conversar com o presidente da RFF, Eliseu Rezende. Me acompanharam Air Ganzarolli, vice-prefeito, e o procurador municipal Roldão Cassemiro. Ficou decidido que a rede não leiloaria seu imóvel em Anápolis. O temor era de que, com o leilão, algum grupo de fora arrematasse o imóvel. Isso inviabilizaria a instalação da aduaneira. Ao mesmo tempo acertamos que o imóvel seria alugado à prefeitura e repassado ao grupo vencedor da concorrência, que arcaria com as despesas. Ficou assim viabilizada sua instalação. No final do governo Maguito Vilela, a Rede Ferroviária Federal permutou com o Estado seu patrimônio em Anápolis pela dívida de ICMS que tinha com o Tesouro estadual. O Porto Seco está instalado num imóvel público do Estado.

Edson Tavares, superintendente da Estação Aduaneira, afirma que o Porto Seco de Anápolis é hoje o 3º maior do Brasil dentre os 62 existentes. 90% das atividades da Eadi anapolina são com importações e 10% em exportações. Importações de máquinas e equipamentos, automóveis, peças para veículos e insumos químicos farmacêuticos para os laboratórios de Anápolis, Aparecida de Goiânia e Goiânia representam 96% das suas atividades. A receita do Porto seco tem aumentado ano após ano. Em 2006 foram US$ 243 milhões; 2007, US$ 526 milhões; 2008, US$ 1 bilhão; 2009, US$ 1,11 bilhão e 2010, US$ 2,05 bilhões.

Tem servido como grande atrativo para a vinda de investidores a Goiás. A Caoa/Hyundai, além das facilidades fiscais que lhe foram oferecidas pelo Estado, levou em conta a presença da aduaneira anapolina. O vice-presidente de administração e country manager Brasil da Yamana, Arão Portugal, da Mineração Maracá Indústria e Comércio, instalada no município goiano de Alto Horizonte, confirma isso ao afirmar: “Desenhamos um sistema logístico voltado para o modal ferroviário e o Porto Seco de Anápolis foi determinante em nossa estratégia, tendo em vista sua excelência operacional.”

Sinto-me orgulhoso de ter participado dessa grande obra que está revolucionando o crescimento econômico de Goiás.

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