domingo, 29 de agosto de 2010

Vitória ou derrota, só depois dos votos apurados

Publicado na edição de 29/08/2010 do jornal Diário da Manhã

Quando no final de 1964 os três principais times da cidade, Anapolina, Anápolis e Ypiranga , se afastaram da Liga Anapolina de Desportos ingressando na Federação goiana de Desportos, a impressão que tínhamos é que a LAD seria extinta. Sem direito de usar o Estádio Jonas Duarte e com o Manoel Demóstenes transformado em loteamento particular, não havia local para a realização dos jogos. Sem uma sede própria, faltando dinheiro para pagamento de aluguel e compra de material para expediente, seu futuro não era nada animador.

Com esse quadro desalentador Valdivino Reginaldo, presidente do União e Ilídio Garcia, presidente do Flamengo, me convidaram para assumir sua presidência. No dia da eleição, como candidato único, o pleito foi realizado numa pequena sala, sem móveis e iluminada à luz de lampião, na Travessa Gedeon. Sem outra alternativa já saí da reunião levando arquivo com documentações e registros dos atletas, instalando a sede da entidade em minha residência, na Rua Rui Barbosa. Durante três anos esse foi o endereço oficial da Liga Anapolina de Desportos. Só mudou, quando no final de 1968, o prefeito Raul Balduíno nos entregou o local no Estádio dos Amadores Zeca Puglisi, para sua sede própria.

Antes que o estádio dos amadores fosse construído os jogos aconteciam nos campos do Anatex na Vila Jaiára, Mago na Vila Fabril, Flamengo no bairro Frei Eustáquio e Anhanguera onde foi construído o Zeca Puglisi. Mesmo com toda essa precariedade realizamos campeonatos e torneios memoráveis. O principal torneio foi o octogonal Anápolis- Goiânia. O futebol amador de Anápolis era verdadeiro celeiro de craques para os clubes profissionais. Fui três vezes consecutivas presidente da liga,-seis anos - sempre como candidato único.

Com minha eleição a deputado estadual, em 1970, preferi encerrar ali minha trajetória pelo futebol amador. Em consenso foi escolhido João Leite de Morais, que havia sido secretário geral da entidade, para presidi-la. Foi ótimo presidente. O futebol amador continuou crescendo. Como fui eleito deputado e o futebol amador crescendo, a presidência da LAD passou a ser muito cobiçada. O Estádio Zeca Puglisi ficava lotado de espectadores, em todos os finais de semana. Os tempos de crise tinham ficado para trás. Agora a entidade trazia dividendos eleitorais. A cassação do prefeito José Batista Júnior em 28 de agosto de 1973, aguçou ainda mais o interesse pela sua presidência.

Em 1975, João Leite de Morais foi candidato à reeleição. Os clubes mais antigos, que conheciam o sufoco pelo qual a entidade passou, estavam fechadinhos com a sua candidatura. Os mais novos só conheciam o momento grandioso da entidade. Não viveram tempos de dificuldades que enfrentamos e vencemos. O número de clubes novos não parava de crescer.

Seis novos clubes, representando bairros importantes, se inscreveram para o campeonato de 1976. Toda documentação e registro foram feitos pela diretoria da liga. Publicado o edital convocando as equipes para eleição da LAD, os presidentes das seis novas agremiações assinaram procurações em branco, ao presidente João Leite de Morais. Por gratidão ao presidente, passavam-lhe o direito de indicar quem quisesse, para votar em nome deles, nas eleições.

Mesmo assim o ex-presidente do Ypiranga, David Esteves de Azevedo, candidatou-se pela oposição. Sua derrota era tida como certa. Ildeu Amâncio e Vicente Terra participaram como observadores da Federação Goiana de Desportos. Feita leitura do edital e dos clubes com direito a voto, pelo presidente da entidade, a Veraneio pertencente ao prefeito nomeado Jamel Cecílio, estacionou à porta da liga. Desceram os seis presidentes que haviam passado procurações, por gratidão ao presidente. Dispensaram os procuradores de confiança de João Leite de Morais e votaram em David Esteves de Azevedo, dando-lhe a vitória num pleito que lhe parecia perdido.

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