quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Vicente Alencar se lança candidato ao Senado


Estamos registrando aqui fatos históricos marcantes de um grupo político de Anápolis, no combate à ditadura de 1964. Consolidado e assimilado o “pacote de abril” de 1977 por todos nós do MDB, aceitamos as novas regras impostas pela ditadura. Sabíamos que o regime estava dando seus últimos suspiros. Foram drásticas as alterações constitucionais, mas como tínhamos um objetivo a alcançar, nos reorganizamos dentro das novas regras.

Em Goiás tínhamos dois grupos de emedebistas bem distintos. O deputado federal Juarez Bernardes liderava os moderados. Henrique Santillo era o líder dos autênticos. Antes do “pacote de abril” Juarez e Henrique percorriam os municípios goianos em busca de apoio ao projeto que tinham de chegar ao Governo nas eleições de 1978. A princípio, compareciam juntos aos encontros regionais. Posteriormente, cada um fazia sua própria programação. Pelas regras existentes, Juarez e Henrique seriam candidatos em sublegenda ao Governo Estadual. Cada partido - MDB e Arena - podia lançar até três sublegendas. O grupo moderado, liderado por Juarez, não havia lançado ninguém como pré-candidato ao Senado. Seriam disputadas duas vagas. Benedito Ferreira - Dito Boa Sorte - e Osíres Teixeira estavam terminando o mandato no final de 78. Suas cadeiras estavam em disputa. Já, o grupo autêntico, comandado por Henrique Santillo, apresentava com grande antecedência o deputado federal Fernando Cunha Júnior e o deputado estadual Derval de Paiva, como pré-candidatos às duas vagas para o Senado.

As alterações provocadas pelo “pacote de abril” desestruturaram, por completo, as pretensões, principalmente do grupo autêntico. Tão logo as modificações aconteceram, Juarez Bernardes foi lançado pelos moderados como candidato ao Senado. Ele concorria sozinho; não houve maiores dificuldades para essa decisão. Já Henrique Santillo trabalhava com Fernando Cunha Junior e Derval de Paiva, pretendentes às vagas no Senado que deveriam decidir quem disputaria, pois uma das duas cadeiras seria preenchida pelo senador “biônico”, o senador sem voto popular criado pela engenharia adotada pela ditadura no “pacote de abril.”

Derval de Paiva, tão logo as regras se alteraram, anunciou sua desistência, afirmando que pleitearia, mais uma vez, a vaga na Assembleia Legislativa. Fernando Cunha Júnior anunciou que continuaria pleiteando a vaga ao Senado. Com esse quadro, Henrique Santillo, confirmou seu apoio à pretensão de Fernando. Mesmo com as bases emedebistas exigindo a candidatura de Santillo ao Senado, ele fazia reiterados pronunciamentos aos companheiros e à imprensa dizendo que apoiaria Fernando Cunha Júnior.

O tempo ia passando e a pressão das bases do MDB crescia dia a dia. Fernando não dava, em momento algum, sinal de que refluiria do seu projeto. Henrique reafirmava seu compromisso com o companheiro.

Diante desse impasse, onde o movimento dos companheiros de todo o Estado crescia em favor da mudança de candidatos e a posição inflexível de Fernando, o presidente do Diretório do MDB de Anápolis, Vicente de Paula Alencar, lançou-se candidato a disputar a vaga na convenção do Partido. Agora não havia só um problema, mas, sim, dois. Vicente era um dos mais leais companheiros que tínhamos. Nosso advogado em todos os processos que enfrentamos, com exceção do primeiro quando Henrique Santillo não foi diplomado pelo Juiz Eleitoral de Anápolis, acusado de ser comunista. Naquele processo o advogado foi Rômulo Gonçalves. Nos demais, Vicente Alencar atuou em todos. Muitas vezes ao lado do seu pai, Alexandre. Vinha de Belo Horizonte ficando muitos dias cuidando da nossa defesa. Essa dupla venceu todas as batalhas jurídicas que enfrentou.

Para mim, Vicente Alencar revelou que estava apenas usando tática para afastar Fernando Cunha Júnior. Ele se afastando refluiria da sua candidatura... (Continua)

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