quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Onogás, sufocada pelas multinacionais


Estamos relatando aqui fatos de uma época de ouro da política Anapolina: combate à ditadura militarista de 1964. Um dos primeiros compromissos que desempenhei como deputado federal foi em defesa das pequenas empresas engarrafadoras e distribuidoras de gás liquefeito de petróleo - GLP.

Onofre Quinan, um dos maiores empresários de Anápolis, proprietário da Onogás, distribuidora de GLP, com sede no município, me procurou na Câmara Federal, denunciando o massacre que sua empresa e outras do mesmo porte que a sua, estavam sofrendo pelos grandes grupos multinacionais. O processo de destruição das empresas pequenas, como a Onogás, era criminoso e cruel.

Naquela época, o Conselho Nacional de Petróleo, havia decidido que cada engarrafadora de GLP, só poderia engarrafar o gás, principalmente o usado para atividade doméstica, botijão de 13 quilos, em recipiente da sua marca. Assim, a Onogás não podia encher botijão da Ultragás, Minas Gás ou qualquer outra marca. Por isso, a Onogás tinha muito produto nos plantes de Anápolis, mas estava impedida de vender o produto porque não tinha botijões com sua marca, suficientes para atender à demanda.

O que ocorria, segundo explicações de Onofre Quinan, é que os botijões das empresas pequenas, como a sua, estavam sendo destruídos pelos grandes empresários. Ficou constatado que a destruição ocorria de várias maneiras. As mais comuns: derretidos em autofornos e desviados para o Paraguai.

Depois de ouvir suas explicações, acertei com Lysâneas Maciel (MDB), presidente da Comissão de Minas e Energia na Câmara Federal, fazermos um Simpósio sobre a questão enfrentada pelas pequenas empresas distribuidoras de GLP. O relator da Resolução que sairia do Simpósio foi o deputado da Arena de Minas Gerais, Paulino Cícero.

Por mais de um mês ouvimos todas as partes envolvidas. Representando a Onogás, Onofre indicou seu assessor Armando Colatrella, um italiano muito competente nessa área. Ouvimos entidades representativas das distribuidoras, sindicatos, empresários e o presidente do Conselho Nacional do Petróleo, no governo Geisel, o japonês Shigeaki Ueki.

Constatado o massacre a que as empresas multinacionais estavam submetendo as pequenas empresas brasileiras, Paulino Cícero, intransigente defensor da liberdade comercial, apresentou sua Resolução permitindo que as empresas, pequenas ou grandes, poderiam a partir daquele instante, engarrafarem gás em qualquer botijão. Assim, a Onogás poderia engarrafar o produto que tinha à sua disposição nos seus botijões ou nos das outras marcas existentes no mercado. A medida valia para todas as empresas. Com isso, não havia mais o interesse das grandes distribuidoras destruírem os botijões das pequenas, por que estas poderiam se utilizar de qualquer vasilhame existente.

Foi uma das maiores vitórias dos empresários brasileiros ligados ao setor de distribuição de derivados de petróleo, durante o período ditatorial. Foi, ao mesmo tempo, a mais importante decisão do CNP, atendendo recomendação da Comissão de Minas e Energia, da Câmara Federal.

Depois dessa vitória outros simpósios foram realizados sob a direção de Lysâneas Maciel, um dos mais destacados e competentes parlamentares que existiam no Congresso Nacional, naquela legislatura. Discussões importantes sobre implantação das usinas atômicas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, exploração de minérios na Serra dos Carajás e minas de ouro da Serra Pelada, foram por nós realizadas na Comissão de Minas e Energia, sob a liderança de Maciel.

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