quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Homem que Só Sabia Trabalhar em Política

Walmir Bastos Ribeiro, baiano de Brotas de Macaúba, chegou a Anápolis em 1957, trazido pelo seu pai que vinha frequentemente a Goiás para comprar fumo em rolo, em Bela Vista e Pirenópolis. Hospedou-se na Pensão do Bom Jesus, onde morou por vários anos. Matriculou-se na segunda série ginasial, do Colégio Estadual, dirigido pelo professor Hely Alves Ferreira, eleito prefeito de Anápolis em 1958. Foi apresentado aos seus colegas de classe, dentre eles Jayro Rodrigues da Silveira e eu, pelo professor Hely. Por estar impecavelmente trajado, sua chegada foi marcante. Terno de linho na cor creme, gravata borboleta e contava com bigode ao estilo Cantinflas. Para os colegas, Walmir dizia ser de Jequié, terra de Lomanto Júnior. Admirador de Vieira de Melo. No princípio suas despesas eram bancadas pelo seu pai. Com o passar do tempo teve que trabalhar para se sustentar.

Já adaptado em Anápolis, Walmir contou com a colaboração de políticos pertencentes ao PSD, dentre eles o deputado estadual Plínio Jayme, para conseguir emprego público. Seu primeiro contrato foi para prestar serviço na Telegoiás. Atenderia as reclamações que chegassem à empresa. A primeira reclamação que recebeu, sem repassá-la ao técnico responsável, foi ele mesmo aos aparelhos transmissores, mexendo em toda fiação, provocando pane em todo o sistema. Os técnicos demoraram uma semana para sanar o estrago.

Não querendo deixá-lo ao abandono, acharam melhor que fosse para a Companhia de Força e Luz, entregar os avisos e contas aos usuários. Começou bem. Até que chegou à casa de um amigo para a entrega do talão. Achou o portão do corredor aberto, adentrou à cozinha. Leu o jornal Folha de Goyas que seu amigo deixara sobre a mesa. Tomou café e por ali ficou. Quando a esposa do amigo, o viu sentado à mesa, caiu em prantos gritando por socorro. Os vizinhos vieram todos ver o que acontecia, enquanto Walmir Bastos, intrigado com tanto alvoroço, saia assustado. Foi seu primeiro e último dia de entrega de talões de energia elétrica.

Resolveram contratá-lo para trabalhar no comitê político do candidato a governador Mauro Borges. Acertaram em cheio. Nessa função ninguém era mais ativo e competente que ele. Nunca mais deixou a atividade política. Foi sete vezes vereador em Anápolis. Presidente da Câmara Municipal na fase mais difícil enfrentada pelo legislativo municipal. Preso inúmeras vezes pelos órgãos de repressão durante a ditadura militar de 1964. Organizador permanente dos Simpósios Estudantis promovidos pela Câmara Municipal de Anápolis. Era a forma de politizar os estudantes. No Legislativo municipal, o mais autêntico combatente à ditadura. Um dos heróis da resistência democrática em Anápolis. Sofreu prisões e torturas, resistindo todo tipo de violência. Não renunciou a presidência da Câmara Municipal, impedindo que afastassem pela força o prefeito Henrique Santillo, conforme plano da Arena e parte do MDB municipal.

Walmir Bastos Ribeiro disputou sua primeira eleição em 1966, pelo MDB. Não se elegeu. Seus eleitores, que eram principalmente estudantes, ficaram com Henrique Santillo. Na quarta suplência, com o falecimento dos vereadores emedebistas, Adão Mendes Ribeiro, João Furtado de Mendonça, João Luiz de Oliveira e Oscar Miotto, se efetivou.

Eleito vice-presidente da Câmara Municipal de Anápolis, mesa comandada por Antônio Marmo Canedo, na legislatura seguinte, Walmir Bastos chegou a sua presidência com a morte prematura, de Antônio Canedo. Walmir faleceu em 1994, como um dos mais valorosos políticos de Anápolis em todos tempos.

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