terça-feira, 2 de março de 2010

Mobilizações do MDB em Goiânia

Consolidada a candidatura de Joaquim Domingos Roriz nas bases interioranas, o convenci que seria conveniente reunir um grupo em Goiânia para lhe dar dimensão de liderança emergente. Aceitando a proposta, lhe apresentei a advogada Maria Dagmar, posteriormente eleita vereadora pelo MDB, na capital.

Dagmar, dinâmica e muito bem relacionada, organizou um esquema para todas as quartas feiras realizarmos concentração num setor da cidade.

A primeira experiência seria um mini-comício na Vila União, a céu aberto, tendo como palanque o calçadão do conjunto comercial, em frente um bar bem movimentado. Dentre os participantes compulsórios, alguns bêbados que faziam ponto por ali. Roriz com aquela voz empostada, pausada e firme discorria sobre os motivos que o levaram a se candidatar a deputado estadual. Cada vez que encerrava uma frase, o bêbado repetia o final dela:

- Graças a Deus sou bem sucedido nas atividades particulares.Mas isso não é tudo para quem quer servir o povo. Senti que preciso ajudar a tirar o Brasil dessa situação de caos e letargia...

- Caos e letargia, caos e letargia....

- Conto com seu voto!

- Seu voto, seu voto...

Muito atento e falando bem alto, o bêbado arrancava gostosas gargalhadas de toda platéia, o que fez Roriz encerrar rapidamente seu discurso.

Dagmar mudou de estratégia, uma vez que reunião perto de bar era espetáculo divertido mas de pouco resultado político ou eleitoral. Saímos da Vila União com a concentração da quarta feira seguinte marcada para a Vila Nova.

No dia marcado, cheguei de outra concentração numa cidade do interior em companhia do professor Lucas Gonçalves, diretor do Colégio Einstein, companheiro de inúmeras caminhadas. Lucas foi o primeiro a discursar encerrando sua fala com a algazarra de um grupo de skeitistas que fazia uma divertida corrida com um grupo de quase dez menimos. Os skeites feitos à base de rolamentos desciam pela rua em declive asfaltada fazendo barulho ensurdecedor, tirando faíscas pelo atrito do rolimã com o asfalto.

Mas nada abalava a nossa resistência e continuando a festa cívica foi passada a palavra ao Jair de Ázara, leal e dedicado companheiro, residente em Goiânia.

Com uma voz trêmula, em falsete e pausadamente, ele começou:

- Meus senhores....

O orador perdeu a afinação de voz, saindo aquela mensagem fina e engasgada. A meninada reagiu na hora, arrancando sonora gargalhada dos poucos assistentes:

- Uuuuu, Uuuuuuu....

Jair não perdeu a esportiva:

- Já dizia Sócrates, a vaia é democrática, mas não é civilizada!

Na quarta seguinte o encontro seria no Bairro Feliz, lugar famoso por reunir muita gente nos movimentos do MDB. Luiz Henrique da Silveira, prefeito de Joinvile, Santa Catarina, meu colega de Câmara e grande amigo, estava em Brasília e a meu convite iria participar do grande movimento político que estava sendo programado. Queria também retribuir minha ida a Joinvile, em sua campanha para prefeito.

Luiz Henrique chegou ao aeroporto Santa Genoveva às oito da noite e foi levado por um companheiro nosso ao Bairro Feliz.

Não havia praticamente ninguém, mas subimos na carroceria do caminhão à espera do público. Vimos chegando do final da rua um pequeno grupo, constituido de seis a oito cabos eleitorais, vestidos com camisetas contendo nomes de Roriz, Adhemar e Henrique, que carregavam cartazes e gritando bem ritimado:

- Goiás é feliz com Henrique, Adhemar e Roriz.

Goiânia tem sono tranqüilo, com Roriz e os Santillo...

Fizemos nova programação, insistindo que Dagmar mobilizasse mais gente:

- Podem se preparar, quarta-feira vamos arrebentar no Palmito e Novo Mundo. Naquela região o vereador Luciano Pedroso, leva de 1 mil a 1 mil e quinhentas pessoas por comício.

Na quarta-feira chegamos uns quinze minutos mais tarde que o combinado. Dagmar negociava naquele instante a apresentação de um trio sertanejo que sempre oferecia os seus serviços às nossa reuniões. Nunca havia dado certo, naquele dia autorizamos a contratação para animar a platéia.

A quantidade de pessoas era extraordinária. Não estavam lá os mil que Luciano Pedroso levava em seus comícios, mas havia de 400 a 500 pessoas. Ercílio Matias, eleito prefeito de Petrolina, tempos depois, discursava e a platéia não parava de aumentar. Hilton Lucena, motorista do Henrique passou pelo local e ficou impressionado:

- Adhemar, o Henrique está no Jardim America, com o vereador Benvindo Lopo e a platéia não é a metade dessa. Vou lá para trazer ele para cá.

Foi anunciada a palavra de Joaquim Domingos Roriz, a platéia aumentava cada vez mais. Roriz aproveitou e cumprimentou demoradamente cada companheiro de palanque vendo que o público ficava cada vez maior. Terminados os cumprimentos, apareceram duas senhoras no fundo do comício, carregando melancia num dos braços e segurando uma panela de pressão com a outra mão:

- Zé! Oh Zé, a distribuição de brindes é ali em cima!

Chiquinho de Castro, como prefeito nomeado de Goiânia, estava realizando um comício no bairro. Durante toda a semana sua equipe de assessoramento distribuiu bilhetes numerados para sorteio de prêmios. Com a advertência das mulheres, nosso público saiu em desabalada carreira, morro acima, nos deixando mais uma vez só com os integrantes do palanque e o conjunto de música nordestina, que havíamos contratado.

Ainda assim, fomos muito bem votados naquelas eleição.

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