sábado, 13 de março de 2010

Henrique Santillo, Celg e Tocantins

Publicado na edição de 14/01/2010 do jornal Diário da Manhã

Quando se discutia sobre o responsável pelo endividamento do Estado, Henrique Santillo já havia falecido e alguns procuraram lhe atribuir a maior fatia da dívida. No instante em que se procura descobrir as verdadeiras causas da falência da Celg e os responsáveis pela sua astronômica dívida, os debates parecem seguir o mesmo caminho. Não conseguirão fabricar documentos para incriminá-lo. Sua vida pública foi toda dedicada ao trabalho, correção em seus atos e zelo na aplicação do dinheiro público.

Relatório encomendado pela Assembleia Legislativa de Goiás, à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade do Estado de São Paulo (USP), conclui que, de 1984 a 2008, a Celg conseguiu lucro em 9 anos e prejuízo nos outros l6. Assim, sua dívida até 31/12/2008 era de R$ 4,l bilhões. Destes, só no período analisado de 25 anos, foi de R$ 2,1 bilhões. Metade do endividamento total da empresa.O patrimônio líquido da Celg equivale a l/8 do seu endividamento.

O nome de Henrique Santillo neste debate sobre a falência da Celg só apareceu porque boa parte do patrimônio da empresa foi transferida para o Estado do Tocantins. Ainda como senador, Henrique Santillo visitou todos os municípios do norte e nordeste de Goiás e ficou impressionado com a pobreza que presenciou. Agricultores, pequenos sitiantes e chacareiros, posseiros, garimpeiros e moradores ribeirinhos do Araguaia e Tocantins vivendo numa miséria absoluta. Assumiu com aquela gente e consigo mesmo que, chegando ao governo do Estado, resgataria a dignidade e cidadania de uma população secularmente explorada.

No segundo ano da administração, Henrique Santillo foi consultado por Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, se era a favor ou contra a divisão de Goiás. O governador não só afirmou ser favorável como conversou com os líderes partidários para que apoiassem a proposta de Siqueira Campos. Assembleia Nacional Constituinte dividiu o Estado de Goiás em dois. Acima do paralelo l3, ficou o Tocantinas e abaixo, continuou Goiás. Além dos seus milhares de clientes, a Celg transferiu para a nova unidade federada todo seu patrimônio. Representou, segundo o documento da Fipe, R$ l,5 bilhão. Não se tratou de venda ou doação do patrimônio da empresa, mas de cumprir decisão dos constituintes de1988. Saíram do patrimônio da Celg por força legal e absoluta falta de condição de continuarem em Goiás.

Torna-se obrigatório afirmar que na, administração de Henrique Santillo, a Celg levou energia elétrica a milhares de propriedades rurais, num trabalho social de grande alcance. Solucionou a falta de energia ou a precariedade da existente, em regiões como da Estrada de Ferro e Caldas Novas, que impossibilitavam o desenvolvimento normal das cidades que as compõem. Implantou a segunda linha de transmissão para o Distrito Agroindustrial de Anápolis-Daia, afetado pelos constantes apagões. Construiu a estação rebaixadora do setor Victor Braga, que dobrou a capacidade de atendimento aos anapolinos. Construiu a usina de São Domingos, para atender cidades do nordeste goiano, até então servidas por pequenas usinas ou geradores estacionáros.

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