quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Os empresários e a política


As empresas funcionam como componentes de um sistema que é gerido pelo poder político. Assim, quanto menor o interesse dos empresários pela atuação dos políticos, mais distorções estes podem impor ao sistema, levando à deterioração do ambiente econômico, como ocorreu no Brasil dos anos sessenta e oitenta. Em nossos dias, o final melancólico do governo Berlusconi e o agravamento da crise em outros países europeus devido a má gestão da economia levaram um jornalista italiano a dizer que “os estadistas construíram a União Européia, os políticos a estão destruindo”.

As consequências das crises de ontem e de hoje são nefastas: prejuízos incalculáveis para as empresas e grande sofrimento entre os trabalhadores, que amargam a perda do emprego ou têm os salários reduzidos. Assim, ainda que os empresários não participem como candidatos, sua presença na política é indispensável porque deles são as iniciativas que criam a riqueza, gerando empregos e pagando impostos. A omissão dos homens de negócios nas disputas eleitorais e nos debates que precedem as decisões do poder público favorece a ascensão dos demagogos e aventureiros que prometem o irrealizável, insinuam confrontos quixotescos e desperdiçam o dinheiro dos contribuintes com medidas ineficazes e obras intermináveis, mantendo colaboradores ineficientes e corruptos.

Empresários e políticos devem interagir para resolver os problemas da economia e promover o desenvolvimento da educação, da pesquisa científica, das inovações tecnológicas, induzindo a modernização das cidades, potencializando as ações dos governos estaduais e a transformação do país. As empresas não são intrinsecamente más como acreditam os ideólogos do igualitarismo ingênuo. A propriedade privada dos meios de produção constitui um meio de outorgar autonomia aos indivíduos dotados de espírito empreendedor e capacidade de liderança para gerir as atividades produtivas, agregando renda e incrementando o consumo com a redução da pobreza e melhora das condições de vida de toda a população.

O empresário moderno não é um simples explorador da força de trabalho. Ele é visionário, estrategista e inovador. O lucro e a expansão de suas atividades energizam o sistema econômico, o qual tem por finalidade atender os indivíduos de todas as classes sociais segundo a capacidade de interagir das pessoas e o nível de desenvolvimento das comunidades. Por isso, Henrique Santillo, então prefeito de Anápolis, ao perceber os sinais de esgotamento do primeiro ciclo industrial da cidade, proclamou de utilidade pública a área onde se instalaria o distrito agro-industrial. E Marconi Perillo, no limiar do seu primeiro governo, constatando a estagnação do DAIA, empenhou-se com seus auxiliares na atração de novas empresas para manter o desenvolvimento do município de conformidade com sua vocação.

A corrupção não é, portanto, inerente aos negócios e ao exercício do poder público, mas desvio ocasional, acentuado pelas circunstâncias e suscitado pela disposição da ilicitude e as imperfeições do arcabouço institucional. Do exame dos fatos deve-se inferir que o pessimismo ocasionado pelo mau comportamento de alguns empresários e políticos não se justifica em face da necessidade de convergência do esforço dos homens públicos e do poder realizador da iniciativa privada para promover o desenvolvimento com a multiplicação das oportunidades de satisfação das necessidades humanas no âmbito da vida material, afetiva e comunitária.

Nenhum comentário:

Postar um comentário