terça-feira, 30 de outubro de 2012

Decidimos deixar o PMDB


Episódio importante da política goiana, mas pouco conhecido do grande público, aconteceu em 1980, quando da organização do diretório regional do MDB, já com vistas à eleição direta ao Governo Estadual, em 1982. O grupo Santillo, o mais atuante do MDB estadual, foi inexpressivamente representado na chapa elaborada pela Comissão Executiva que comandava o Partido. Ao sermos procurados para apoiarmos o diretório sugerido, dissemos ao deputado João Divino Dorneles, secretário geral, que não concordávamos com a desproporção entre iristas e santilistas na sua composição. Dos santilistas, praticamente, estavam listados os detentores de mandato. Estes, sempre figuraram, obrigatoriamente, em qualquer diretório que se formasse. As lideranças, sem mandato, eram quase todas ligadas a Íris. Como a escolha dos candidatos, principalmente ao Governo e ao Senado, dar-se-ia pela convenção partidária que obedeceria ao comando do diretório regional, ficou claro que uma disputa entre Íris Rezende e Henrique Santillo seria totalmente desigual. Exigíamos aproveitamento de inúmeros companheiros da capital e do interior que ficaram de fora.

De nada valeram nossas argumentações e protestos. Argumentavam que Íris Rezende Machado, uma das vitimas da prepotência da ditadura, por ter sido grande símbolo das injustiças cometidas pelos ditadores militares contra lideranças políticas goianas, deveria ser candidato do partido em 82, em resposta às truculências que praticaram. Mesmo porque, argumentavam que Henrique Santillo, como senador, tinha mandato até 1986. Como não havia o instrumento da reeleição para Governador, afirmavam que Henrique Santillo seria o candidato à sucessão de Íris. Não nos convenceram. Um racha de grande proporção foi desenhado dentro das hostes emedebistas. Concordávamos, tranquilamente, que os dois, Íris Rezende e Henrique Santillo se mantivessem pré-candidatos e trabalhassem junto aos companheiros, para que a escolha ocorresse na convenção. Só não aceitávamos integrar um diretório parcialmente formado para beneficiar a candidatura de Íris.

Fizemos uma reunião com companheiros de Anápolis, Goiânia e de todo o interior. Conversamos com Joaquim Roriz; Walter Rodrigues; Joceli Machado; Línio de Paiva; Onofre Quinan; Zequinha Roriz; vereadores; líderes estudantis; intelectuais; professores, líderes sindicais e decidimos que, ou se democratizasse a formação do diretório regional do PMDB, ou deixaríamos o partido.

Leonel Brizola nos convidou para o PTB. Até aquele momento ainda não havia acontecido a disputa entre Alzira Vargas e Brizola, pelo comando nacional do PTB, cujo desfecho foi favorável a Alzira. O comando do PTB pertencia a Brizola. Ficou certo com Brizola, caso decidíssemos pela sigla do partido trabalhista, essa nos seria entregue e ele viria a Goiás para seu lançamento oficial. Fizemos imediatamente a consulta aos componentes do grupo santilista e aqueles que nos acompanhariam à nova proposta partidária. A proposta foi aceita. A Exceção veio do grupo de Luziânia, comandado pelo deputado Joaquim Roriz e pelo prefeito Walter Rodrigues. Diziam que ingressar no PTB, dirigido por Brizola, tornaria o trabalho difícil, pelos antecedentes de Brizola como incentivador do “grupo dos onze”, no governo de João Goulart. Segundo os companheiros do Entorno, o partido chefiado por Brizola causava arrepios aos líderes rurais. Não era tido como boa companhia. Enfraqueceria o grupo junto ao setor mais importante do eleitorado de Luziânia, o proprietário rural.

Walter Rodrigues, prefeito do município e porta-voz dos lideres do grupo em Luziânia e toda a região do Entorno de Brasília, sugeriu que fossemos em bloco para outro partido, menos para o PTB. Ouvi as explicações... (continua)

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