quinta-feira, 1 de julho de 2010

Persistência do frei Raimundo de Oliveira

Publicado ne edição de 01/07/2010 do jornal Diário da Manhã

Raimundo de Oliveira Lima, o frei Raimundo, filho de Joaquim Oliveira e dona Fiuta, nasceu em l° de julho de 1915, em Itaguara, Minas Gerais. Noventa e cinco anos de vida profícua e coerente. De família humilde, passou a infância e juventude na roça. Trabalho duro e permanente. Sua mãe, muito católica, viveu intensamente o cristianismo. O queria padre. Pelo alto custo que ficariam os estudos no seminário, não assistiu em vida a realização dos seus sonhos. A família, embora humilde e desprovida de recursos financeiros, repartia o pouco que possuía com os mais pobres e necessitados.

Alfabetizado em uma pequena escola rural, distante de onde morava, ia e vinha descalço, para não desgastar as botinas. Na volta, quando se aproximava de casa, lavava os pés e se calçava. Mesmo sem condição financeira para se tornar padre, Raimundo sempre foi baluarte nas atividades e serviços das igrejas que frequentou. Em Itaguara, nos seus momentos de descanso, ajudava padre Gregório e posteriormente padre Viegas, como coroinha.

Apaixonado pela prima Zezé, professora primária, Raimundo com ela se casou no início dos anos 40. Algum tempo depois, com o nascimento do seu primeiro filho, Waldir, a família mudou-se para Goiás, indo residir no distrito de Souzânia, em Anápolis, na fazenda de Francisco Mendonça. Lá, Raimundo lecionou em uma escola rural, mantida pelo fazendeiro. Encerrado o contrato de trabalho, mudou-se para Anápolis, indo trabalhar no Cartório de 2° Ofício, cujo titular era Almiro Amorim.

Ao mesmo tempo em que prestava serviço no cartório, Raimiundo auxiliava a monsenhor Pitaluga na Igreja Matriz do Bom Jesus, ao lado de congregados marianos e vicentinos. Ministrou cursos, especialmente para jovens e casais. Surgindo como líder respeitadíssimo e carismático, em 1962, elegeu-se vereador pelo PSD, comandado em Anápolis pelo cel. Achiles de Pina. Sem recursos para fazer a divulgação da sua campanha, recebeu um cheque de 10 mil cruzeiros do cel. Achiles de Pina, como doação. As cédulas que usou foram confeccionadas em máquina de datilografia. Foi eleito, com consagradora votação.

Como gastara apenas um mil e oitocentos cruzeiros, dos dez mil recebidos de Achiles, o vereador Raimundo de Oliveira Lima foi até sua casa devolver-lhe os oito mil e duzentos cruzeiros restantes. Impressionado com a simplicidade e honestidade do seu mais novo vereador, Achiles o elogiou bastante pela forma correta e ética como procedeu, mas lhe disse que com aquele dinheiro mandasse confeccionar o terno para a posse. Isso foi atendido. O terno sendo feito por Boulanger Brossi.

Em 1966, já consagrado como grande líder anapolino, Raimundo de Oliveira Lima foi reeleito vereador, agora pelo MDB. Ao mesmo tempo, cursava o diaconato por solicitação do bispo Epaminondas de Araújo. Encerrado o curso, renunciou ao mandato de vereador, que estava pela metade. Depois de conversar com o bispo, chegaram à conclusão não ser correto exercer as duas atividades simultaneamente. Preferiu deixar a política e ficar com a igreja.

Com a morte de sua companheira, após a missa de sétimo dia foi comunicado por frei Silvestre que seria convidado a ser padre. Surpreso, conversou com seus filhos Waldir, Emanuel e Walter, que o incentivaram a aceitar o convite, quando formulado oficialmente. No dia 30 de maio de 1993, o bispo de Anápolis, dom Manoel Pestana, o ordenou frei.

Hoje, esse cidadão queridíssimo de todos os anapolinos completa seu nonagésimo quinto aniversário de nascimento, 95 anos de uma existência exemplar. Cercado de carinho de filhos, noras, netos e bisnetos. Continua celebrando normalmente as missas, nas paróquias da Vila Jaiara, onde é estimado por todos. Frei Raimundo de Oliveira Lima: uma vida abençoada e repleta de realizações.

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