terça-feira, 13 de julho de 2010

O início de uma dura caminhada (I)

Publicado na edição de 08/07/2010 do jornal Diário da Manhã

Em 1973, disputei meu primeiro mandato eletivo na política partidária. Eleito ao lado de 11 companheiros do MDB, a uma vaga na Assembleia Legislativa de Goiás. Havia participado antes de várias disputadas eleitorais, mas na política estudantil e esportiva. Duas vezes presidente do Grêmio Literário Castro Alves, do Colégio Estadual José Ludovico de Almeida; primeiro presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Anápolis – Uesa, pelo voto direto; três vezes presidente da Liga Anapolina de Desportos-LAD. Votação consagradora dentre todos os candidatos que concorreram à Assembleia Legislativa e Câmara Federal, em Anápolis. Pela legenda do Movimento Democrático Brasileiro o deputado estadual mais votado e o terceiro dentre os integrantes do legislativo goiano.

A honraria que me foi conferida nas urnas, consolidou o compromisso que tinha de lutar com todo ardor pelo retorno à democracia. Com muita responsabilidade o mandato foi exercido sem concessões à ditadura. Perplexos percebemos que nós, os santillistas, enfrentaríamos os usurpadores do poder e grande parte do MDB anapolino, formado por adesistas e oportunistas incrustados no partido. Presenciamos a fuga de quase todo MDB de Anápolis, abandonando o nosso candidato José Batista Júnior, em 1972, para apoiar o candidato arenista. Camuflando o adesismo se autointitularam “MDB- Positivo”. Eles que esperavam com a vitória arenista nos sufocar, sentiram a força popular, que deu estrondosa votação a Batista Júnior. Apenas o deputado Anapolino de Faria e meia dúzia de “gatos pingados” ficaram com a candidatura emedebista, comandada por Henrique Santillo. Sofremos quando no dia da posse de José Batista a Rádio Carajá, pertencente a integrantes do MDB, foi invadida e sua direção afastada pela força das armas da Polícia Militar do Estado, a mando do Dentel. Com indignação e revolta, demos conhecimento aos goianos, no dia 28 de agosto de 1973, pela tribuna da Assembleia Legislativa, a cassação do mandato do prefeito José Batista Júnior e perda da autonomia política de Anápolis, por decreto do general Emílio Garrastazu Médici. Ao lado de Derval de Paiva e toda bancada do MDB, passamos uma noite inteira lutando contra aprovação de projeto de lei, elaborado sorrateiramente na calada da madrugada, transformando a cidade de Goiás, em Estância Hidro-Mineral. Com isso, os governistas tiraram do povo o direito de eleger o sucessor do prefeito Dário de Paiva-MDB. Soltamos e defendemos companheiros humildes do interior presos por estarem organizando o MDB em seus municípios. Assistimos e denunciamos os sequestros de Godofredo Sandoval, Jalme Fernandes, Valdivino Pereira e Eles Nogueira, por forças da repressão, levados para local e prisão ignorados.

Toda bancada emedebista nos seus protestos e denúncias sempre contou com o respaldo do jornal Cinco de Março, dirigido pelo jornalista Batista Custódio. Nas edições do jornal, um semanário vibrante e compromissado com a democracia e a verdade, dava à bancada do MDB, o mesmo espaço que oferecia aos governistas. Como a imprensa diária desconhecia ou minimizava os acontecimentos por nós denunciados e a televisão garroteada pela censura federal, se omitia completamente, o Cinco de Março exercia o extraordinário papel de bem informar a população goiana. O jornal semanalmente, mesmo nas cidades mais distantes, era repassado de mão em mão, atingindo os leitores e formadores de opinião. Assim como o MDB de Goiás foi contundente no combate à ditadura, o jornal de Batista Custódio, com muita coragem e responsabilidade manteve a sociedade goiana bem informada, sem qualquer tipo de censura. Em inúmeras ocasiões, a grande imprensa do eixo Rio-São Paulo, se valia de informações divulgadas em primeira mão, pelo jornal Cinco de Março, para repercutir algum fato ocorrido na política goiana. Naquele momento foi importante meio de comunicação e o único a oferecer espaço à oposição no Estado...

Nenhum comentário:

Postar um comentário