quarta-feira, 16 de maio de 2012

Dossiê fajuto de 1971 reapareceu em 1974

Querendo nos afastar das disputas eleitorais, os arenistas, juntamente com nossos adversários dentro do MDB, contaram com a Polícia Federal em Goiás, para que fosse montado processo, dossiê criminosamente dirigido contra nós, (Henrique Santillo, Adhemar Santillo e Anapolino de Faria), sob a acusação de que máquinas da Prefeitura de Anápolis teriam trabalhado nos municípios de Ouro Verde, Petrolina e Goianápolis em troca de apoio político a Anapolino de Faria para deputado federal, e para mim, como deputado estadual.

Documento faccioso, parcial, desprovido do mínimo de seriedade. Tão escandaloso que foi montado pela Polícia Federal a pedido da Arena e de alguns adesistas do MDB de Anápolis, para que fosse usado pelos adversários de Henrique Santillo,quando prefeito, na Câmara Municipal. Não conseguiram afastar Valmir Bastos da Presidência, mesmo com toda a pressão e violência praticadas contra ele pelos órgãos governamentais de repressão. Até o Major Leopoldino, pelo Exército Brasileiro, foi usado na tentativa de afastá-lo. Não conseguiram. Diante disso a papelada elaborada pela Polícia Federal, que não teve como ser usada pelos vereadores na Câmara Municipal, ficou na gaveta do Procurador de Justiça do Estado, Bechara Daher. Foi desengavetada às vésperas da convenção do MDB em que Henrique e eu nos inscrevemos para disputar a eleição de 1974.

A primeira investida de Bechara foi através do Ministério Público em Petrolina. Encaminhou a papelada ao promotor daquela Comarca, Decil de Sá Abreu, para que oferecesse denúncia contra nós (Henrique e Adhemar). Anapolino de Faria, por não concorrer à reeleição, foi excluído do processo. A legislação eleitoral previa que em crime eleitoral, como o que queriam nos enquadrar, oferecida a denúncia pelo Ministério Público e aceita pelo Juiz Eleitoral, tornava o denunciado inelegível.

Decil de Sá não se dispôs a participar da farsa. O processo poderia ser encaminhado, ainda, para Goianápolis ou Anápolis. A comarca de Goianápolis foi descartada porque o juiz estava em licença para tratamento de saúde. Encaminhado a Anápolis, foi distribuído ao promotor Helton de Morais Sarmento, que ofereceu a denúncia. Encaminhado ao Juiz Eleitoral Clementino de Alencar Lima, pela falta de consistência das provas arroladas processo, não aceitou a denúncia. Foi para o arquivo, sem que o Ministério
Público recorresse ao Tribunal Regional Eleitoral.

Com mais uma vitória contra ações golpistas engendradas pelos nossos adversários políticos em Goiás, sempre contando com o respaldo de integrantes da repressão, registramos nossas candidaturas às eleições de 1974. Durante a campanha, principalmente após o início dos programas eleitorais pelo rádio e televisão, o crescimento da aceitação do MDB junto ao eleitorado foi surpreendente. A eleição geral para deputados estaduais e senadores daquele ano que, na visão de alguns, seria a última para o MDB, foi marcante e se transformou num avanço democrático irreversível. Mesmo com todo o casuísmo existente, que aumentou escandalosamente nos anos seguintes até a extinção da ditadura. Por falta de fôlego, foi extinta em 1985. Mas o início real da sua queda começou em 1974... (Continua)

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