quarta-feira, 6 de junho de 2012

Emedebista não votava na Arena


Interessante que quando vivíamos o bipartidarismo (Arena x MDB) a atividade política era respeitada coerentemente pelo eleitor. Quem era oposicionista não se dobrava aos governistas. A corrupção eleitoral, e o uso do poder econômico, eram escancarados. Os governistas faziam distribuição de material de construção; carteiras de motoristas, cestas básicas de alimento e tudo que podiam fazer para conseguir o voto, mas o eleitor continuava firme, votando, principalmente, nos emedebistas autênticos.

Nossas vitórias se deram enfrentando todo tipo de corrupção eleitoral; pressão psicológica; prisões arbitrárias; processos fraudulentos na justiça; Policia Federal, máquina do governo, denúncias mentirosas e caluniosas... No dia da eleição, praticamente todos os veículos da Cidade circulavam carregando eleitores em carros com propaganda dos adversários. Buscados em casa, os eleitores eram instruídos a votarem na Arena, mas na urna, aqui em Anápolis, votavam no MDB santilista.

Nas eleições de 1972, em que José Batista Júnior foi eleito prefeito, num pleito memorável, derrotando o fortíssimo candidato da Arena, Eurípedes Junqueira, dos 15 vereadores eleitos, l0 (dez) foram do MDB e 5 (cinco) da Arena. Os mais votados naquele pleito foram o Sargento Sebastião Maués (MDB) e o radialista Almir Reis (MDB). Maués era sargento instrutor do Tiro de Guerra-053, (Anápolis) e, Almir Reis, o mais popular repórter policial de rádio no Município. Maués obteve mais de 1.800 votos. Almir votação superior a 1.500 votos.

Em 28 de agosto de 1973, com José Batista Júnior cassado e afastado da Prefeitura pela ditadura militar, substituído pelo engenheiro Irapuan Costa Júnior, a ala do MDB que fazia oposição ao santilismo, procurou convencer vereadores do Partido para que aderissem ao prefeito nomeado.

Os dois vereadores mais votados, Sebastião Maués e Almir Reis, passaram a apoiar o prefeito nomeado, Irapuan Costa Júnior. Continuaram filiados ao MDB. Participavam normalmente das reuniões do partido, mas na Câmara Municipal se proclamavam independentes. Votavam algumas matérias dos companheiros do MDB, mas não seguiam a orientação partidária. Dessa forma a bancada emedebista se viu desfalcada em sua maioria.

Nas eleições de 1976, sem voto para prefeito, pois a Cidade era considerada de segurança nacional, as eleições foram apenas para os 15 vereadores. A Arena, comandada por Jamel Cecílio, o terceiro prefeito nomeado de Anápolis, organizou chapa muito forte. Eleitores tradicionais da oposição e empresários se candidataram a vereador pela Arena. O MDB não conseguiu completar o número legal de candidatos.

Foi a única vez que a Arena ganhou uma eleição do MDB em Anápolis. Ao final da votação, com pouco mais de 700 votos de frente, Arena elegeu 8 (oito) vereadores e o MDB elegeu 7 (sete).

Sebastião Maués e Almir Reis candidataram-se à reeleição pelo MDB. A legislação eleitoral da época garantia ao detentor de mandato legislativo - vereador, deputado estadual e federal - vaga automática na chapa do partido ao qual pertencia. Maués e Almir fizeram a campanha à reeleição, usando o horário eleitoral gratuito do MDB. O partido lhes assegurou vagas na chapa para a Câmara. Ambos foram derrotados obtendo pouco mais de 100 votos.

O eleitor acompanhava mais a atividade política do seu candidato. Não se envolveram em corrupção, simplesmente deixaram de seguir a orientação do partido. Por isso, não receberam os votos dos seus eleitores de 1972.

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