quarta-feira, 28 de março de 2012

Uma vitória que parecia perdida!


Como vivíamos em plena ditadura, a vitória de qualquer candidato emedebista, em qualquer eleição, era fato auspicioso. Para a prefeitura de uma cidade como Anápolis, se transformava em feito espetacular.
A vitória de José Batista Júnior (MDB), para prefeito de Anápolis em 1973, foi o fato mais importante ocorrido na política goiana naquele ano. Os arenistas de Goiás contando com um candidato intelectualmente competente, de notável saber administrativo, simpático e com muita disposição de trabalho, como era Eurípedes Junqueira (Arena), jamais pensaram em derrota. Além do mais, por não haver eleição para prefeito em Goiânia, toda a estrutura do Governo Estadual sendo transferida para Anápolis, abusando do poder econômico e corrupção eleitoral, no entendimento deles, a vitória do candidato emedebista era “carta fora do baralho”.

A diferença dos eleitores e cabos eleitorais de Eurípedes para os de José Batista era grande. Quando saíamos nos bairros, vilas, distritos e povoados a manifestação de apoio ao candidato do MDB era de vibração total. Aquela gente humilde, sofrida pela dureza do dia a dia, manifestava sua simpatia e apoio de forma espontânea carinhosa e vibrante. Nas visitas que fazíamos aos empresários do setor central, notávamos sua frieza. Em compensação, quando estávamos fora do comércio, os “chapas”, os que carregavam e descarregam caminhões, faziam a maior festa para o nosso candidato. Em algumas ocasiões, quando nos retirávamos de um prédio comercial em que éramos tratados secamente pelo proprietário, os “chapas” aguardavam José Batista Júnior à porta carregando-o, aos ombros num verdadeiro comício. Esse era o clima da campanha.

A cédula era individual. Não havia, também, apuração pelo sistema eletrônico. Os votos eram contados um a um. Ao serem apuradas cinco ou seis urnas para prefeito, encerrava-se a apuração para o Executivo, dando-se inicio à apuração para a Câmara Municipal. Embora fossem candidatos de dois partidos apenas, mas pela lentidão da apuração, onde cada voto era cantado em voz alta para que os fiscais e delegados partidários pudessem, em caso de dúvida, registrar impugnação, a apuração demorava.
Nas primeiras 14 sessões, que representavam o eleitorado mais tradicional de Anápolis, a vantagem foi de Eurípedes Junqueira. Houve uma sessão, a sexta, em que a diferença de Eurípedes Junqueira sobre José Batista foi superior a 60 votos. Aquilo provocou um clima de euforia total entre os arenistas. Eurípedes Junqueira, segundo seus assessores, foi para Caldas Novas, onde ficou até o final da apuração. A festa da vitória seria monumental.

Nós, que havíamos corrido o município todo, sabíamos que, naquelas urnas apuradas no primeiro dia, a vantagem seria de Eurípedes. Sabíamos, também, que, nas urnas dos bairros, ganharíamos. De qualquer forma, para quem não tinha essas informações, a emoção e a expectativa eram intensas. Procurado pelos jornalistas que faziam a cobertura das apurações, para dar a minha opinião sobre o resultado final do pleito, fiz a observação a todos eles que até a 14ª seção a vitória seria de Eurípedes Junqueira, mas que a partir da 15ª o vencedor seria José Batista Júnior. Não deu outra... A partir da 15ª seção o candidato emedebista começou a ganhar, não perdendo mais. Até em Campo Limpo, onde Henrique Santillo havia perdido, por dois votos, para Luiz Vieira, no pleito de 1969, José Batista obteve mais de 400 votos de frente.
Ao final da apuração nossa confraternização se resumiu a uma caminhada da Praça do Bom Jesus à Praça Santana, onde aglomeramos algumas centenas de companheiros, para que o prefeito eleito e Henrique Santillo agradecessem aos companheiros e ao povo de Anápolis por mais uma vitória espetacular dada às forças da resistência democrática no Município... (continua)

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