sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Carlos Limongi, um obstinado convicto


O juiz da Infância e Juventude da Comarca de Anápolis, Carlos José Limongi Sterse, é obstinado na luta pela reorganização da instituição, a família. Quando juiz em Orizona, cidade da região da Estrada de Ferro, envolveu toda a comunidade urbana e rural na verdadeira cruzada para combate ao vício do álcool e das drogas. Nas pesquisas que tinha em mãos e na sua avaliação pessoal, vício em álcool e drogas eram as causas maiores para a desintegração das famílias.

Em Anápolis, Carlos Limongi  deu dimensão maior ao movimento, com a criação e funcionamento da Associação Cruzada pela Dignidade (ACD), ONG que trabalha pelo fortalecimento da família. Para maior transparência do trabalho e em busca do fortalecimento da associação e solução dos gravíssimos problemas enfrentados por inúmeras famílias anapolinas, realizou na última quarta-feira, dia 10 de outubro, a marcha denominada a Bandeira da Família. De acordo com Carlos Limongi, com isso foram em “busca de, através desse símbolo, reforçar as ações que vêm sendo desenvolvidas pela Associação Cruzada pela Dignidade e demais parceiros. Também é um momento para mostrar que o BEM se organiza. Nós somos parte integrante de uma sociedade que trabalha pelo enaltecimento da família e dos valores éticos, religiosos, filosóficos e morais.”

Para Limongi, que, além de juiz da Infância e da Juventude em Anápolis, é também presidente de Honra da ONG Associação Cruzada pela Dignidade, a caminhada pelas ruas centrais da cidade na última quarta-feira serviu de instrumento para despertar a atenção de parceiros, entidades, clubes de serviços, igrejas e pessoas da comunidade a se engajarem numa verdadeira Corrente do Bem, através de ações positivas, construtivas e concretas.

Em Anápolis, segundo o juiz, há famílias totalmente desintegradas. Pai, mãe e filhos, cada um perambulando pela cidade, morando nas ruas, dormindo sob marquises ou bancos de jardins,  vivendo sob efeito do álcool e das drogas. “Só mesmo um trabalho efetivo da sociedade para reintegrá-las”, afirma Limongi.

No levantamento realizado pela Associação Cruzada pela Dignidade, uma das possibilidades seria a união das igrejas de Anápolis, por todas suas denominações, se responsabilizando pelo acompanhamento de algumas famílias que se encontram nessa situação de indigência total. Para os líderes do movimento de organização da sociedade em favor do bem, se cada igreja de Anápolis se dispuser a assumir três famílias dessas que estão praticamente desintegradas pelo vício e miséria, agasalhará todas as que se encontram nessa situação no município.

Segundo Limongi, com a união de esforços dos que estão preocupados com essa situação desumana em que vivem essas famílias, o problema do momento pode ser resolvido e assim “transformaremos  e melhoraremos a nossa sociedade”.

Lideranças católicas, evangélicas, espíritas, além de clubes de serviço, entidades de classe, sindicatos patronais e de empregados, empresários, comerciantes e comerciários, profissionais liberais e integrantes da sociedade anapolina apoiam a iniciativa da Associação Cruzada pela Dignidade. Estiveram representadas na caminhada “Corrente para o Bem”. Discutem agora de que forma poderão melhor participar. É uma iniciativa da sociedade toda, comandada pelo obstinado Carlos Limongi.

Abrimos mão do PTB e fomos para o PT


Tínhamos conversado com Leonel Brizola, acertando nosso ingresso ao PTB, seu partido. Antes que encerrássemos o acordo, o prefeito de Luziânia, falando em nome dos companheiros do Entorno de Brasília, nos alertou que Brizola, por ter comandado o “grupo dos onze”, em 1964, era estigmatizado na zona rural de Luziânia, maior reduto político do PMDB daquela região. Acompanhariam-nos por qualquer rumo que tomássemos, mas gostariam que não fôssemos para o PTB. As ponderações de Walter Rodrigues não pararam por aí. Em nome da turma, sugeriu que ingressássemos no Partido dos Trabalhadores, fundado por Luiz Inácio Lula da Silva.

Nós sabíamos que o PT era composto pelas lideranças sindicais mais radicais e abrigava, também, grupos de universitários trotskistas. Lula teria que lutar muito para evitar que seu partido se transformasse numa federação de grupelhos trotskistas. Esses grupos não queriam nada dentro da legalidade. Queriam a luta clandestina. A história desses grupelhos, que pouca participação tiveram no combate à ditadura militar de 1964, era de desprezo total à luta institucional. Pregavam a queda da ditadura pela revolução popular. Autodenominavam-se integrantes das organizações operárias, contra qualquer acordo com patrões. Assim era o PT no seu nascimento. Os grupelhos aceitavam o comando de Lula porque sabiam ser líder carismático e de grande penetração popular. Queriam o Lula, mesmo sem embasamento ideológico. Tinham-no o inocente útil a serviço da causa revolucionária do proletariado.

Luiz Inácio Lula da Silva dizia aos trabalhadores que os trotskistas estavam sendo aceitos no PT, para atraírem intelectuais e a esquerda mais radical que não aceitavam o PC do B. Para Lula, o partido seria aberto a todas as correntes populares que dele quisessem participar. Nós, diante dessa proposta, fomos em frente. Sentimos que Lula e as demais lideranças que compunham o comando petista queriam, mesmo, organizar um partido para participar como os demais, dentro das regras institucionais.

Decidimos participar do Partido dos Trabalhadores. Ao lado dos deputados federais eleitos pelo MDB em 1978, Airton Soares (SP), Luiz Cechinel (SC), Antônio Carlos de Oliveira (MS) e Edson Khair (RJ) formamos a primeira bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal. Henrique Santillo o primeiro senador do PT, no Senado.

Reunimos-nos com as lideranças municipais que estavam coesas com nossa prática política em Goiás, partindo para a organização petista pelo Estado todo. Enquanto isso, auxiliávamos Lula na pregação nacional, visitando outros estados, para a formação do Partido dos Trabalhadores. Respeitados pelo comando petista nacional, continuávamos com as visitas aos companheiros de Goiás, levando a candidatura de Henrique Santillo ao governo, em 82.

Em Brasília, nós, os cinco componentes da primeira bancada petista, nos reunimos e os companheiros me elegeram o primeiro líder do PT na Câmara Federal. Foi um período bastante difícil, como inúmeras ações arbitrárias, principalmente contra Lula e outros líderes sindicais. Usávamos, intensamente, os microfones das sessões plenárias, para, como líder, denunciar as ações violentas e criminosas praticadas contra as lideranças do ABC paulista. O partido ganhava respeito das demais lideranças partidárias no Congresso Nacional e da imprensa que fazia a cobertura dos trabalhos legislativos. Ainda não havíamos nos reunido a nível nacional. Fazíamos encontros permanentes com Lula aguardando a Convenção Nacional do partido... (Continua)